Descrição de chapéu terrorismo

Homem-bomba mata ao menos 61 pessoas em mesquita no Paquistão

Atentado ocorreu em complexo governamental que abriga sede da polícia de Peshawar

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Peshawar | Reuters

Um atentado suicida em uma mesquita nesta segunda-feira (30) matou ao menos 61 pessoas e feriu outras dezenas em Peshawar, no norte do Paquistão, perto da fronteira com o Afeganistão.

O local sagrado fica em um complexo que abriga vários prédios oficiais, incluindo as sedes da polícia e do departamento de contraterrorismo. Segundo as autoridades, pelo menos 27 policiais foram mortos —os agentes estavam reunidos para as orações do meio-dia, tradicionais para os muçulmanos.

Socorristas e residentes buscam sobreviventes entre os escombros de uma mesquita em Peshawar, no norte do Paquistão, após ataque suicida destruir o edifício - Fayaz Aziz/Reuters

O chefe da polícia de Peshawar, Ijaz Kahn, afirmou que nenhum grupo reivindicou a autoria do ataque até agora. Investigações sugerem que o suposto homem-bomba passou por diversas barreiras de segurança até conseguir chegar à área onde fica a mesquita —um inquérito foi aberto para determinar como ele ultrapassou o cordão de isolamento e se recebeu alguma ajuda interna.

Autoridades afirmam que havia entre 300 e 400 pessoas na mesquita no momento do atentado, e que o suspeito detonou a bomba quando centenas de pessoas faziam fila para rezar. O choque da explosão levou o segundo andar da mesquita a colapsar, soterrando vários dos presentes. Cenas exibidas pelo canal estatal PTV mostram funcionários dos serviços de emergência tentando atravessar a laje para descer e socorrer as vítimas presas entre os escombros.

Mushatq Khan, um policial presente no momento do atentado, contou a repórteres que a explosão ocorreu depois que o imã disse "Alá é o maior". "Não conseguimos entender o que houve porque o som tinha sido ensurdecedor. [A explosão] me fez voar pela varanda. As paredes e o telhado caíram em cima de mim", disse o agente, que ficou com um ferimento na cabeça, da cama do hospital.

Em nota, o premiê Shehbaz Sharif prometeu tomar "ações severas" contra os responsáveis pelo ataque. "Isto não é nada menos que um atentado ao Paquistão. Nossa nação está dominada por um profundo sentimento de pesar. Não tenho dúvidas de que o terrorismo é nosso maior desafio de segurança nacional", disse ele, acrescentando que ninguém que visa muçulmanos na hora das orações pode alegar ter relação com o islã.

Nas redes, o primeiro-ministro instruiu os apoiadores de seu partido, Liga Muçulmana, a doar sangue "para salvar os feridos". O antecessor de Sharif, Imran Khan, também condenou o ataque, assim como os governos dos Estados Unidos e da Turquia. O governo paquistanês ainda decretou alerta máximo por todo o país, designando franco-atiradores para proteger diversos edifícios e pontos de acesso em Islamabad.

O atentado ocorreu no mesmo dia em que representantes do Fundo Monetário Internacional visitaram o país para negociar o desbloqueio de recursos financeiros. Também o presidente dos Emirados Árabes Unidos, Mohammed ben Zayed Al Nahyan, deveria se encontrar com o premiê paquistanês —o encontro foi cancelado em cima da hora nesta segunda, embora o motivo oficial tenha sido as fortes chuvas.

"É particularmente repugnante que o ataque tenha ocorrido em um local de culto", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, ao condenar o atentado nesta segunda.

Trata-se do segundo atentado a uma mesquita em Peshawar em menos de um ano —a cidade, que fica no limite com as áreas tribais autônomas na fronteira com o Afeganistão, é alvo frequente de militantes. Em março do ano passado, o EI-K, braço local do grupo terrorista Estado Islâmico, assumiu a autoria de um ataque suicida que deixou 64 mortos, o mais grave registrado no Paquistão desde 2018.

O país tem enfrentado um agravamento da situação de segurança desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, em agosto de 2021. Além do EI-K e de grupos separatistas baluches, uma de suas principais fontes de preocupação é o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), conhecido como o Talibã paquistanês.

O grupo, formado por radicais que desejam substituir o atual governo por um regime islâmico linha-dura, tem realizado ataques cada vez mais constantes desde que pôs fim a uma espécie de acordo de paz facilitado pelo Talibã afegão no ano passado. Nesta segunda, um comandante do TTP chegou a assumir a autoria do ataque. Horas depois, no entanto, um porta-voz do grupo negou envolvimento no atentado, alegando que a política do TTP não prevê ataques a mesquitas e outros locais de culto.

Em dezembro, militantes da facção tomaram uma delegacia em Bannu, a 200 km de Peshawar, e fizeram oito policiais reféns. Segundo a Al Jazeera, agências de monitoramento registraram mais de 150 ataques realizados pelo TTP no Paquistão só em 2022.

Islamabad acusa Cabul de permitir que esses grupos utilizem seu território para planejar os ataques, algo que as autoridades talibãs negam.

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