Descrição de chapéu LGBTQIA+

Igreja Anglicana estuda permitir bênção a casais gays mantendo veto a casamentos

Instituição na Inglaterra aprova pedido de desculpas às pessoas LGBTQIA+ por 'histórico de rejeição e exclusão'

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Londres | AFP e Reuters

A Igreja Anglicana da Inglaterra anunciou nesta quarta-feira (18) que manterá a proibição ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Por outro lado, aprovou uma proposta para permitir a realização de cerimônias com orações e bênçãos a casais LGBTQIA+.

A proposta foi formalizada após seis anos de consultas sobre sexualidade e casamento. Desde 2013, o casamento civil homoafetivo é permitido na Inglaterra e no País de Gales. O texto anunciado deverá ser debatido em um sínodo geral previsto para ser realizado no mês que vem, em Londres.

O arcebispo Justin Welby realiza cerimônia no funeral da rainha Elizabeth 2º, em Londres
O arcebispo Justin Welby realiza cerimônia no funeral da rainha Elizabeth 2º, em Londres - Ben Stansall - 19.set.22/Pool/Reuters

Nesta semana, os bispos aprovaram a publicação de um pedido formal de desculpas à comunidade LGBTQIA+ pelo "histórico de rejeição e exclusão" dentro das igrejas, além dos impactos que esse ambiente hostil eventualmente teve em suas vidas. Lideranças anglicanas serão orientadas ainda a pedir que todas as congregações recebam casais do mesmo sexo "sem reservas e com alegria".

A igreja enfatizou que, se aprovado, o texto não irá mudar o ensinamento conforme estabelecido nos cânones e na liturgia: o "sagrado matrimônio é entre um homem e uma mulher por toda a vida".

O projeto prevê que casais do mesmo sexo possam ter direito a um culto no qual haveria "orações de dedicação, ação de graças ou pela bênção de Deus sobre o casal", e a cerimônia seria realizada somente após o casamento civil, de forma a "refletir a diversidade teológica da igreja". As orações seriam voluntárias, o que sugere que os líderes religiosos poderiam optar por não oferecê-las.

Embora a igreja tenha decidido manter a recusa do casamento igualitário, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby, líder espiritual da Igreja Anglicana, afirmou ser necessário tornar "público e inequívoco" a todos os cristãos que pessoas LGBTQIA+ são bem-vindas e "parte valiosa e preciosa do corpo de Cristo".

"Mas sei que a proposta parece ir longe demais para alguns e não o suficiente para outros", disse ele, ao expressar o desejo de que ela seja recebida com "espírito de generosidade e busca do bem comum".

A Igreja Anglicana da Inglaterra, fundada em 1534 e que tem como chefe o monarca do Reino Unido (hoje o rei Charles 3º), está dividida há anos sobre como lidar com os casamentos entre pessoas do mesmo sexo e como acolher ativistas LGBTQIA+ que lutam pelos mesmos direitos dos cristãos heterossexuais.

Nos últimos tempos, a instituição tem passado por transformações. Começou a ordenar mulheres ao sacerdócio em 1994 e bispas em 2014. Na semana passada, a Igreja Anglicana pediu desculpas pelos vínculos econômicos de uma de suas organizações com a escravidão.

A Igreja da Inglaterra é a matriz da Comunhão Anglicana, que reúne 85 milhões de adeptos em 165 países.

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