Descrição de chapéu China

Presidente eleito da República Tcheca desafia China ao telefonar para Taiwan

Ex-militar arrisca conflito diplomático com Pequim antes mesmo de assumir

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Taipé e Praga | Reuters

O presidente eleito da República Tcheca, Petr Pavel, mal venceu o pleito e já decidiu pisar num campo minado da política internacional. Nesta segunda-feira (30), o ex-militar ligou para a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen —arriscando uma rusga diplomática com a China antes mesmo de assumir.

O general aposentado Petr Pavel reage à notícia de que ganhou as eleições presidenciais da República Tcheca na sede de seu partido, em Praga - David W. Cerny - 28.jan.23/Reuters

A maioria dos líderes mundiais evita interações públicas com Taipé em respeito a Pequim, que considera a ilha uma província rebelde e parte inalienável de seu território. Nesse contexto, reconhecer seu governo como autônomo significa violar a política de "uma só China" e, portanto, a soberania do gigante asiático.

Ao saber do telefonema, a chancelaria chinesa reiterou a oposição a interações entre países com os quais mantém laços e Taiwan. "Pavel afirmou abertamente nas eleições que o princípio da China única deveria ser respeitado", disse a pasta, que ainda buscava confirmação do ocorrido por parte de Pavel.

O assunto se tornou ainda mais sensível para o regime de Xi Jinping no ano passado, quando uma visita de Nancy Pelosi, então presidente da Câmara dos Estados Unidos e a mais alta autoridade americana a pôr os pés na ilha em 25 anos, resultou em uma crise diplomática entre Washington e Pequim.

A Presidência de Taiwan afirmou que a ligação desta segunda durou cerca de 15 minutos e terminou com Tsai, que na véspera havia cumprimentado Pavel pela vitória, dizendo que esperava continuar em contato. O eleito, por sua vez, reforçou o desejo de reforçar a colaboração com a ilha em uma postagem no Twitter.

Um ex-militar cuja campanha foi marcada por promessas de apoio à Ucrânia —país invadido e em guerra contra a Rússia há 11 meses—, Pavel assume o cargo no início de março. Ele substitui Milos Zeman, que tem retórica pró-Rússia e defende o estreitamento dos laços tchecos com a China.

Embora tenham papéis essencialmente cerimoniais, os chefes de Estado tchecos costumam ter voz ativa na política externa e são considerados formadores de opinião poderosos, que podem pressionar o governo e congressistas para a aprovação ou rejeição de políticas.

A República Tcheca não mantém relações diplomáticas com Taiwan —apenas 14 nações do globo o fazem, a maioria das quais na América Latina e no Caribe. Praga e Taipé têm, porém, aproximado-se, à medida que a ilha busca aliados na Europa, sublinhando valores comuns de liberdade e de democracia.

Em 2020, o líder do Senado tcheco foi a Taiwan e se disse taiwanês no Parlamento local, evocando uma fala do ex-presidente americano John F. Kennedy em que desafiava o comunismo em Berlim em 1963.

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