Republicanos aderem a fritura e pedem renúncia de George Santos

Pedido aprofunda desgraça de filho de brasileiros eleito deputado nos EUA; ele diz que não deixará o cargo

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Washington | Reuters

Membros do Partido Republicano pediram nesta quarta-feira (11) que George Santos, 34, renuncie à vaga na Câmara dos Representantes dos EUA. A ação foi comandada por filiados da legenda pelo condado de Nassau, em Long Island, subúrbio de Nova York que inclui o distrito pelo qual o político foi eleito.

O pedido acontece após a revelação de inconsistências na trajetória do deputado, filho de brasileiros, de mentiras sobre seu currículo e declarações financeiras incompletas ou inexatas a afirmações falsas sobre a sua religião —ele, católico, afirmou ser judeu e descendente de sobreviventes do Holocausto.

George Santos discursa em eventos da Coalizão de Judeus Republicanos em Las Vegas, nos EUA - Wade Vandervort - 19.nov.22/AFP

No Twitter, Santos afirmou que não renunciará. "Fui eleito para servir à população de Nova York, não ao partido e a políticos. Sigo comprometido com isso e lamento ouvir que autoridades locais se recusam a cooperar com o meu gabinete para manter nossa comunidade segura e baratear o custo de vida."

À frente do grupo que pediu a saída de Santos, Joseph G. Cairo Jr. disse que o político perdeu a confiança dos republicanos de seu distrito e que a campanha inteira foi baseada em mentiras. "Ele envergonhou a Câmara, e não o consideramos um de nós", disse ele, antes de exigir a renúncia imediata do congressista.

Também deputado por Long Island, o novato Anthony D’Esposito —que participou do evento por videoconferência, falando de Washington— afirmou que não só não se associaria a Santos no Congresso, como encorajou os demais integrantes da Câmara a fazerem o mesmo.

Outro que aderiu à fritura foi o recém-eleito presidente da Câmara, Kevin McCarthy. Ele vinha evitando se pronunciar sobre a controvérsia —mesmo depois de veículos da imprensa americana reportarem que um dos integrantes da campanha de Santos fez de conta que trabalhava com McCarthy para angariar fundos junto a doadores. Nesta quarta, porém, o número 2 na linha de sucessão à Presidência americana disse que não permitiria que o deputado participasse de nenhum comitê importante na Casa.

Só nesta semana, Santos foi alvo de duas queixas formais. Na terça, legisladores democratas iniciaram um processo para pedir que o Comitê de Ética da Casa, bipartidário, apure se ele violou a lei ao preencher suas declarações de finanças com atraso e sem detalhes cruciais sobre contas bancárias e negócios.

Um dia antes, o Campaign Legal Center, órgão de fiscalização apartidário, pediu à Comissão Federal Eleitoral (FEC, na sigla em inglês) que investigue o congressista, acusando-o de usar fundos de campanha para despesas pessoais, mentir sobre seus gastos e ocultar as verdadeiras origens de suas verbas.

Segundo a legislação federal e de Nova York, caso Santos decida renunciar, seu distrito tem o direito de convocar um novo pleito. O assento do deputado permaneceria vazio por um período de aproximadamente três meses, tempo necessário para a realização das eleições extraordinárias.

Santos foi eleito com cerca de 52% dos votos, contra 45% do democrata Robert Zimmerman. Sua vitória fez com que os republicanos abocanhassem uma área da cidade tradicionalmente democrata. Trumpista convicto, ele defende as bandeiras do ex-presidente e fazia questão de deixar claro que os pais tinham imigrado de forma legal para os Estados Unidos na busca do sonho americano.

Santos era alvo de investigações desde antes das queixas formalizadas nesta semana. Promotores federais e locais apuram potencial atividade criminosa em suas duas campanhas ao Congresso —a primeira vez em que ele concorreu ao cargo foi em 2020. O Ministério Público do Rio também afirmou que pretende reabrir uma investigação de fraude contra Santos relacionada a um incidente de 2008 ocorrido em Niterói. À época, ele foi indiciado por estelionato após furtar cheques e usá-los para fazer compras.

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