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Sudão do Sul prende jornalistas após vazamento de vídeo de presidente urinando nas calças

Sindicato acusa relação entre episódios; autoridades negam rumor de saúde debilitada de Salva Kiir, 71

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Nairóbi | Reuters e AFP

Seis jornalistas no Sudão do Sul foram presos neste sábado (7) depois que começou a circular nas redes sociais um vídeo que mostra o presidente, Salva Kiir, 71, aparentemente urinando nas calças em um evento oficial.

Nele, o dirigente, apoiado em uma bengala, parece estar concentrado no hino nacional que toca ao fundo, enquanto uma mancha escura se espalha por suas calças, de cor cinza. É só quando uma pequena poça começa a se formar no chão que ele olha para baixo e a câmera deixa de focá-lo.

O presidente do Sudão do Sul, Salva Kiir, em entrevista na sede do governo na capital, Juba - Jok Solomun - 28.mar.22/Reuters

O momento foi flagrado por uma câmera da emissora de TV estatal, mas nunca chegou a ir ao ar. Segundo o líder do sindicato nacional de jornalistas, Patrick Oyet, os profissionais detidos são acusados de terem conhecimento de como o vídeo foi vazado.

O ministro da Informação do país, Michael Makuei, e o porta-voz do serviço de segurança nacional, David Kumuri, não responderam aos pedidos de comentário da Reuters.

Kiir é presidente desde que o território se tornou uma região autônoma em relação ao resto do Sudão, em 2010. A independência se deu após um referendo sobre a separação total, consequência de acordos de assinados em janeiro de 2005 e que puseram fim a mais de 20 anos de guerra entre as duas áreas. Autoridades têm negado repetidamente rumores de que o presidente enfrenta problemas de saúde.

Os jornalistas detidos são os operadores de câmera Joseph Oliver e Mustafa Osman, o editor de vídeo Victor Lado, o colaborador Jacob Benjamin e os operadores da sala de controle Cherbek Ruben e Joval Toombe.

Oyet, o líder do sindicato, afirmou estar preocupado porque os seis estão presos há mais tempo do que o limite de 24 horas determinado pela legislação para a detenção de suspeitos —depois disso, eles deveriam ter sido ser levados a um tribunal.

Em nota, a organização pediu que as investigações sejam encerradas rapidamente. "Se houve má conduta profissional ou transgressão", as autoridades deveriam "lidar com isso de forma justa, transparente e seguindo a lei", diz o texto.

Representante da região da África subsaariana no Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ, na sigla em inglês), Muthoki Mumo afirmou que o incidente confirma uma "tendência das forças de segurança de recorrer a detenções arbitrárias sempre que acredita que a cobertura midiática é desfavorável".

"As autoridades devem libertar incondicionalmente os jornalistas e garantir que eles possam trabalhar sem serem intimidados ou ameaçados de prisão", acrescentou.

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