Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Turquia pede coisas que não queremos dar, diz novo premiê sueco sobre entrada na Otan

País nórdico, que teve troca recente no governo, enfrenta resistência de Ancara para ingressar em aliança militar

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Estocolmo | Reuters e AFP

O novo governo da Suécia, agora à direita, se manifestou neste domingo (8) sobre o processo de entrada na Otan, iniciado em meados do ano passado em resposta às ações da Rússia na Guerra da Ucrânia, rompendo décadas de neutralidade.

O premiê Ulf Kristersson se disse confiante, mas reclamou de exigências apresentadas pela Turquia, dizendo não poder atender a todas elas. O país liderado por Recep Tayyp Erdogan integra a aliança militar ocidental e opera num modo de morde e assopra em relação ao ingresso da Suécia e da Finlândia: ora manifesta reservas e apresenta exigências, ora indica a retirada de vetos.

"A Turquia confirma que fizemos o que dissemos que íamos fazer, mas ao mesmo tempo afirma que quer coisas que não podemos ou não queremos dar", disse Kristersson em um evento organizado por um think tank de defesa. Na plateia em Sälen estavam o secretário-geral da Otan, o norueguês Jens Stoltenberg, e o chanceler finlandês, Pekka Haavisto.

O secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, o premiê sueco, Ulf Kristersson, e sua antecessora, Magdalena Andersson, em conferência em Salen - Henrik Montgomery - 8.jan.23/TT News/AFP

"Temos certeza que a Turquia vai tomar uma decisão [positiva], mas não sabemos quando." O premiê acrescentou que o processo depende da política interna de Ancara e da capacidade de seu país de mostrar seriedade no processo.

As declarações do político, porém, podem reanimar a versão turca que pende para o veto, que de todo modo já tinha voltado a ganhar tração recentemente.

No mês passado, o chanceler Mevlüt Çavusoglu disse que notou medidas positivas do lado de Estocolmo, mas acrescentou que o país esperava "outros passos importantes". As falas se seguiram a uma decisão da Suprema Corte sueca que barrou a extradição do jornalista Bülent Kenes, desagradando o regime de Erdogan, que acusa o profissional de ligação com o grupo opositor do clérigo Fethullah Güllen.

O ingresso na aliança militar liderada pelos EUA precisa da anuência expressa de todos os integrantes, e até aqui só os Parlamentos da Turquia e da Hungria não ratificaram os pedidos de Helsinque e Estocolmo. Washington e outros aliados pressionam Erdogan para suspender as objeções manifestadas.

Ancara vinha manifestando resistência à postulação de Suécia e Finlândia desde o início, alegando que ambas as nações apoiavam grupos de oposição ao governo, tidos como terroristas. Em junho, na costura de um acordo tripartite, o país chegou a dizer que tinha obtido "o que queria", citando "conquistas importantes na luta contra organizações terroristas", sem oferecer detalhes.

Erdogan opera certa dualidade na Guerra da Ucrânia, buscando trato diplomático tanto com Moscou quanto com Kiev. Com Washington, a coisa é mais complexa; desde que se estranhou com a gestão de Donald Trump, o turco se aproximou de Vladimir Putin e, por ter comprado sistemas antiaéreos russos, acabou excluído do programa de produção multinacional do caça americano F-35.

Güllen, acusado por Erdogan de tramar o golpe frustrado contra ele em 2016, vive hoje nos EUA, que recusam pedidos de extradição.

O processo de entrada na Otan pode demorar anos para ser concluído, mas já há um alto grau de interoperacionalidade entre os nórdicos Suécia e Finlândia (com a qual a Rússia divide 1.300 km de fronteiras) e o clube militar.

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