O governo da China reagiu às falas do presidente dos EUA, Joe Biden, sobre o líder chinês, Xi Jinping, e as classificou de "totalmente irresponsáveis". Em entrevista ao programa PBS NewsHour, nesta quarta (8), o líder democrata disse que Xi enfrenta "enormes problemas" no país.
"Você consegue pensar em algum outro líder mundial que trocaria de lugar com Xi Jinping? Não é uma brincadeira. Não consigo pensar em nenhum", disse o presidente americano. "Esse homem tem problemas enormes. Também tem muito potencial, mas, até agora, sua economia não está funcionando muito bem."
Antes uma potência capaz de impulsionar países ocidentais em meio a crises financeiras como a de 2008, hoje a China vislumbra um futuro econômico incerto. Em 2022, a economia chinesa cresceu 3%, um de seus piores resultados em quase 50 anos. O dado aumentou a pressão sobre as autoridades para adotar mais estímulos neste ano. Os negócios do gigante asiático sofreram com a política de Covid zero durante três anos e agora tiveram um novo impacto com a mudança repentina do regime de isolamento.
O novo atrito ocorre após os EUA derrubarem no sábado (4) um balão chinês que sobrevoava o território americano. Washington diz que o artefato era um dispositivo de espionagem —Pequim nega.
"Essas palavras dos Estados Unidos são totalmente irresponsáveis e violam as regras básicas da etiqueta diplomática", disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Mao Ning, nesta quinta-feira (9), em entrevista coletiva. "A China expressa seu profundo descontentamento e firme rejeição."
Questionada sobre a função do balão, Mao reiterou que se tratava de um dispositivo civil. "O mais provável é que essas declarações façam parte de uma guerra de opinião contra a China", afirmou. "A comunidade internacional sabe quem é o campeão mundial em espionagem", completou, em uma referência aos EUA.
Pequim tem dito que o artefato saiu da rota devido a correntes de ventos e era usado para pesquisas, sobretudo meteorológicas. Nesta quinta, a China também disse ter recusado um telefonema do secretário da Defesa dos EUA, Lloyd Austin. Ele queria falar com seu homólogo chinês, Wei Fenghe, depois que o balão foi derrubado. O Ministério de Defesa chinês justificou a decisão afirmando que a medida foi irresponsável e não criou um clima "propício ao diálogo".
A descoberta do balão aumentou as tensões entre os países. O anúncio levou o governo dos EUA a adiar a visita que o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, faria a Pequim. Ele deveria se encontrar com Xi, numa tentativa de avançar no apaziguamento das tensões entre as duas maiores potências mundiais.
Internamente, o assunto também teve consequências. Parlamentares republicanos criticaram Biden por ter, segundo eles, demorado para ordenar a derrubada do balão. A demora, justificou o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional americano, John Kirby, foi necessária para examinar o objeto —os destroços devem revelar mais informações, segundo ele.
Biden costuma descrever a relação entre Estados Unidos e China como a mais importante do mundo. Os dois líderes reuniram-se em novembro do ano passado, durante a reunião de cúpula de países do G20, em Bali. Foi o primeiro encontro entre eles desde que Biden assumiu a Presidência americana, em 2021.
Desde então, conversaram por telefone ou chamada de vídeo em cinco ocasiões.
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