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EUA autorizam extradição de ex-presidente do Peru Alejandro Toledo

Político peruano é acusado de ter recebido propina da Odebrecht em caso relacionado à operação Lava Jato

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São Paulo

O Departamento de Estado dos EUA autorizou a extradição do ex-presidente do Peru Alejandro Toledo, informou o Ministério Público do país latino-americano nesta terça-feira (21). O político, que foi presidente de 2001 a 2006, era considerado foragido.

Toledo é acusado de ter recebido propina da Odebrecht em troca da outorga da licitação da rodovia Interoceânica, que liga o Peru ao Brasil, em um caso relacionado à Operação Lava Jato. Também recaem sobre ele suspeitas de tráfico de influência, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente do Peru Alejandro Toledo em evento no Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais, em Washington - Mandel Ngan - 17.jun.2016/AFP

O ex-presidente tem ordens de prisão preventiva em seu país de origem, além de uma condenação de 20 anos e seis meses de prisão emitida pelo juiz José Domingo Pérez em agosto de 2020.

Segundo o jornal peruano El Comércio, Toledo admitiu ter recebido parte dos US$ 34 milhões em subornos que a Odebrecht teria pagado. Ele afirma, porém, que é inocente e que o empresário peruano-israelense Josef Maiman, já morto, foi o responsável pelas tratativas, que teriam ocorrido sem o seu conhecimento.

Maiman assinou acordo de colaboração com a Justiça e morreu em outubro de 2021.

Também são investigadas as compras de uma casa e de um escritório no nome da sogra de Toledo por cerca de US$ 5 milhões —cifra supostamente fruto de lavagem de dinheiro. A mulher do ex-presidente, Eliane Karp, também já foi alvo de uma ordem de prisão por lavagem de dinheiro.

O Peru tenta extraditar o político desde 2018. Em 2019, em um esforço para conseguir seu retorno, o ex-presidente foi detido nos EUA, onde trabalhava como professor visitante da Universidade Stanford. Toledo costuma dizer que as acusações têm motivação política.

Os ex-presidentes Ollanta Humala (2011-2016) e Pedro Pablo Kuczynski (2016-2018) também foram investigados pela Justiça, assim como Alan García (1985-1990 e 2006-2011), que morreu em 2019 poucas horas após atirar contra a própria cabeça, quando soube que a Justiça havia pedido sua prisão preliminar.

O Peru é um dos países mais afetados pelo escândalo de corrupção da Odebrecht. A empresa admitiu, como parte de um acordo de colaboração com o Departamento de Justiça dos EUA, o pagamento de quase US$ 800 milhões em subornos a governos da América Latina.

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