Um homem preso havia 27 anos e condenado a prisão perpétua foi solto no estado do Missouri, nos Estados Unidos, na terça-feira (14), depois que um juiz o inocentou e retirou sua pena.
Lamar Johnson, 49, foi condenado por homicídio e preso em 1995, sem direito a liberdade condicional. Foi julgado culpado pelo assassinato de Marcus Boyd, morto a tiros por dois homens mascarados. À época, Johnson alegou estar com a namorada no momento do crime, mas o álibi foi considerado insuficiente.
Mesmo após a prisão, seu caso continuou a ser investigado por sua advogada, Lindsay Runnels, e pelo Projeto Inocência, organização sem fins lucrativos que defende pessoas condenadas erroneamente. E, nos anos desde a condenação, uma série de evidências acerca de sua inocência emergiu.
Outros dois homens confessaram a autoria do crime e afirmaram que ele foi motivado por uma disputa por dinheiro proveniente de drogas, e a única testemunha ocular a participar do julgamento recuou em sua declaração, dizendo ter se sentido pressionado a escolher alguém de uma lista de possíveis culpados.
Mais grave, o time de defesa de Johnson descobriu que a Procuradoria pagou US$ 4.000 a essa testemunha antes do julgamento original e não divulgou o fato à época.
Procurador federal responsável pelo processo original, Dwight Warren afirmou em 2019 que a testemunha do caso, James Elkin, pode ter sido indenizada "por ameaças à sua vida" e que sua equipe provavelmente a realocou na época. Ele acrescentou, porém, que não podia declarar isso com certeza porque o caso tinha ocorrido havia muito tempo e alegou que as acusações de má conduta eram parciais e bizarras.
Runnels e o Projeto Inocência no Meio-Oeste entregaram as evidências sobre o caso de Johnson a um grupo de trabalho criado para revisar processos antigos pela procuradora eleita da cidade de St. Louis, Kim Gardner. Em agosto passado, ela enfim abriu um processo pedindo a soltura de Johnson.
Anos antes, reabrir o processo havia se provado desafiador. Uma apelação pedindo um novo julgamento à Suprema Corte do Missouri foi recusada, mesmo após mais de 30 procuradores eleitos pelo país enviarem um abaixo-assinado apoiando a causa. No fim, legisladores do estado aprovaram em 2021 uma lei para facilitar a realização de novos julgamentos de casos em que há evidência de condenações errôneas.
Ao ouvir o novo veredicto, anunciado pelo juiz David Mason, Johnson aparentava estar chorando. Ele abriu um sorriso largo ao sair do tribunal, mas se recusou a falar com jornalistas. Em uma entrevista posterior ao jornal The New York Times, disse que agora quer voltar a viver.
O Projeto Inocência no Meio-Oeste afirmou que, segundo a legislação estadual, Johnson não pode processar o Estado por suas quase três décadas na prisão. O grupo criou uma página de arrecadação de dinheiro para ajudá-lo a começar sua nova vida do lado de fora das grades.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.