Meloni visita Kiev e diz que derrota da Ucrânia pode levar a invasão de países da Europa

Primeira-ministra italiana também promete apoio militar contínuo às tropas de Zelenski

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Kiev | Reuters e AFP

Qualquer paz que implique a rendição da Ucrânia às forças invasoras russas "não pode ser uma paz real", disse a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, nesta terça (21), em visita a Kiev.

Em entrevista coletiva ao lado do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, Meloni afirmou que uma derrota de Kiev corre o risco de levar à invasão de outros países europeus e prometeu apoio militar italiano contínuo ao país —a ajuda, contudo, não inclui o fornecimento de aviões militares.

Giorgia Meloni e Volodimir Zelenski em entrevista para a imprensa em Kiev - Gleb Garanich/Reuters

A Itália pretende sediar uma conferência internacional sobre a reconstrução da Ucrânia em abril, de acordo com a primeira-ministra. Meloni visitou as cidades de Irpin e Butcha, ambas próximas à capital e fortemente atacadas pelas tropas russas. Em Butcha, retomada pela Ucrânia e onde foram encontrados dezenas de corpos de civis, ela deixou flores em uma vala comum na qual cadáveres estão enterrados.

O prefeito Anatolii Fedoruk presenteou a líder italiana com uma moeda comemorativa feita com cápsulas de balas e munições encontradas na cidade. Meloni havia prometido visitar a Ucrânia antes do aniversário de um ano da guerra, na próxima sexta (24). A viagem é vista como uma das mais significativas em sua agenda desde que chegou ao poder, em outubro, e ocorre uma semana depois de seu parceiro na coalizão de ultradireita Silvio Berlusconi culpar Zelenski pela invasão da Ucrânia.

Berlusconi, ex-primeiro-ministro que tem uma amizade antiga com o presidente russo, Vladimir Putin, disse que, se ainda liderasse o governo, não buscaria um encontro com Zelenski.

Segundo ele, caso o presidente ucraniano tivesse parado de atacar as duas repúblicas autônomas do Donbass, a guerra não teria acontecido. "Julgo este senhor muito, muito negativamente."

Na entrevista coletiva, Zelenski rejeitou as críticas, afirmando que Berlusconi não teve que viver sob bombardeios diários e blecautes causados por ataques aéreos russos. "E, graças a Deus, seu parceiro da Rússia não dirigiu um tanque para dentro de sua casa e destruiu seus parentes e pessoas próximas."

A Rússia lançou uma nova campanha de ataques aéreos contra a Ucrânia a partir de outubro, atingindo severamente a infraestrutura e causando apagões regulares. O líder ucraniano afirmou ainda que Berlusconi se beneficiaria em viajar para a Ucrânia para ver com seus próprios olhos a "trilha sangrenta deixada pela fraterna Rússia". "E então poderemos conversar no mesmo nível."

Giorgia Meloni deixa flores em vala comum em Butcha - Vladislav Musiienko/Reuters
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