Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Nós não queremos destruir a Rússia, diz Biden em visita à Polônia

Americano ataca autocracias, sem citar China pelo nome, em discurso do 1º ano da guerra

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São Paulo

No discurso para marcar o primeiro ano da invasão de Vladimir Putin da Ucrânia, mirando Moscou e Pequim em sua denúncia das autocracias, Joe Biden afirmou que o Ocidente não quer destruir a Rússia.

O presidente americano falou nesta terça (21) em Varsóvia, capital da Polônia, o mais beligerante membro da Otan, a aliança militar ocidental. Horas antes, Putin se dirigiu ao Parlamento russo afirmando que o objetivo ocidental era o de "acabar conosco para sempre" ao transformar "um conflito local em global".

Biden antes de discursar no jardim do palácio presidencial em Varsóvia, na Polônia
Biden antes de discursar no jardim do palácio presidencial em Varsóvia, na Polônia - Mandel Ngan/AFP

O duelo de discursos, no qual Biden tinha a vantagem de saída de ter visitado de forma inédita Kiev na véspera, acabou sendo um jogo de espelhos no qual o americano repetiu, assim como o russo, a retórica construída ao longo de um ano do conflito, iniciado em 24 de fevereiro passado. A guerra está em um momento de pressão inconclusiva por parte de Moscou.

"Putin ainda duvida da nossa convicção. Não deve haver dúvida, a Otan nunca será dividida, e nós não estaremos cansados", afirmou o líder americano. "Autocratas não podem ser apaziguados, só podem ser antagonizados. A única palavra que entendem é não, não e não. E a Ucrânia nunca será uma vitória para a Rússia."

"O mundo autocrático ficou mais fraco", acrescentou, sem é claro citar a China, sua principal rival estratégica e maior aliada de Putin, ainda que sem envolvimento direto na guerra. Mas o recado estava no ar, em especial após a acusação sem provas feita pelo secretário de Estado, Antony Blinken, de que Pequim considera enviar armas aos russos, algo negado pelos chineses.

"Que tipo de mundo queremos construir?", afirmou, dizendo que o Ocidente é "aliado, não das trevas, mas da luz". "A escolha é entre caos e estabilidade, entre democracia ou a terra brutal dos ditadores", disse o democrata, que voltou a acusar a Rússia de crimes contra a humanidade, "usando estupro como arma".

Ao mesmo tempo, negou o intuito sugerido antes pelo russo. "Não queremos destruir a Rússia, não queremos atacar, como Putin disse hoje", afirmou, emulando o tom do presidente francês, Emmanuel Macron, que no fim de semana defendeu a derrota do Kremlin na guerra, mas sem "mudança de regime".

Também na mesma linha de Macron, que questionou a responsabilidade do Ocidente em alienar países não alinhados que fazem negócios com a Rússia, como Índia e Brasil, Biden insistiu que as democracias ocidentais "precisam entregar para o povo", "melhorando a saúde", "aumentando a prosperidade".

"As decisões que tomarmos nos próximos cinco anos definirão as próximas décadas", completou. Chamou a atenção para outros países que temem a Rússia, como a própria Polônia ou a pequena e desguarnecida Moldova, pedindo palmas para a presidente Maia Sandu, pressionada pelo Kremlin.

Biden entrou no palco montado à frente do palácio presidencial ensaiando um desfile ao som de música eletrônica ao estilo do Eurovision, concurso de talentos popularíssimo no Leste Europeu, e depois recebeu crianças, em oposição ao formalismo marcial do evento de Putin em Moscou.

Os EUA são os maiores apoiadores da Ucrânia na guerra. De acordo com o Instituto para Economia Internacional de Kiel (Alemanha), US$ 78,2 bilhões dos US$ 150 bilhões de ajuda já recebida por Kiev até 15 de janeiro vieram dos americanos, US$ 47,3 bilhões em armas e defesa.

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