Terremoto na Turquia se torna o mais letal da história do país após mais de 35 mil mortes

Recorde pertencia a sismo de 1939 que tirou 33 mil vidas; óbitos, somados os da Síria, são mais de 41 mil

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São Paulo

O terremoto de magnitude 7,8 que atingiu a Turquia na semana passada se tornou o mais letal da história do país. Segundo o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, o número de óbitos em decorrência do sismo no território chegou a 35.418 nesta terça (14), ultrapassando a marca de 33 mil do desastre de 1939.

Enquanto isso, cresce na Turquia o temor de que a catástrofe seja usada pelo governo como justificativa para uma escalada autoritária —há 20 anos no poder, Erdogan é acusado de erodir a independência do Judiciário, corroer a liberdade da imprensa e enfraquecer o respeito aos direitos humanos no país.

Pessoas andam sobre escombros na cidade de Hatay, na Turquia
Pessoas andam sobre escombros na cidade de Hatay, na Turquia - Clodagh Kilcoyne - 15.fev.23/Reuters

Criticado pela resposta lenta de seu governo ao episódio, o presidente tem tentado se desviar dos ataques afirmando que "notícias falsas e distorcidas" têm colocado as pessoas umas contra as outras e criado uma ambiente de caos. Em outubro, o Parlamento da Turquia aprovou uma lei segundo a qual usuários de redes sociais podem ser presos por até três anos por espalhar o que for considerado desinformação.

Organizações independentes alegam que essa face autoritária do controle que Ancara faz das redes já foi vista logo após os primeiros tremores. A NetBlocks, que monitora a internet livre pelo mundo, afirmou que o Twitter foi bloqueado no país por diversas provedoras por 12 horas no dia do terremoto, possivelmente por ação do governo, dificultando a comunicação em um momento em que ela podia ajudar a salvar vidas.

Nesta quarta-feira (15), a polícia afirmou ter detido 78 pessoas acusadas de incitar medo e pânico ao "compartilharem publicações provocadoras". O Diretor-Geral de Segurança do país acrescentou que retirou do ar 46 sites que se apresentavam como organizações que recebiam doações para vítimas do terremoto —um golpe— e derrubou 15 perfis de redes sociais que alegavam ser oficiais, mas eram falsos.

Já na Síria, onde o terremoto agravou um contexto já devastado por quase 12 anos de guerra civil, foram registradas cerca de 5.800 mortes, fazendo com que, juntos, os dois países somem mais de 41 mil óbitos.

Com o passar dos dias, os resgates em ambos os países têm se tornado mais raros, embora histórias de vítimas que passaram dias soterradas pelos destroços antes de serem salvas continuem surgindo.

O foco das operações se tornou, então, o apoio a sobreviventes e a reconstrução da infraestrutura sanitária das regiões atingidas, danificadas ou inoperáveis em razão dos tremores. Autoridades agora enfrentam a tarefa de tentar impedir que doenças se alastrarem e tirem ainda mais vidas.

Milhões necessitam de ajuda —muitos deles perderam suas casas no meio do inverno. Também nesta quarta (15), a Organização Mundial da Saúde manifestou preocupação com a situação no noroeste da Síria, área dominada por rebeldes e com poucas vias para a chegada de auxílio humanitário.

No início da semana, o ditador sírio, Bashar al-Assad, permitiu a entrada de comboios da ONU por outros dois pontos de acesso na fronteira com a Turquia. O acordo foi intermediado pelas Nações Unidas e reabre trechos da fronteira entre os dois países, fechada desde 2011, quando as relações foram rompidas após o início da guerra civil —o conflito levou milhões de sírios a buscarem refúgio na Turquia.

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