Ocidente reage a decisão de Israel de expandir assentamentos na Cisjordânia

Em comunicado, cinco países defendem que medida vai exacerbar crise entre israelenses e palestinos

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São Paulo

Países do Ocidente criticaram nesta terça-feira (14) a decisão do governo de Israel de expandir os assentamentos na Cisjordânia num momento de tensão crescente na região. Em comunicado conjunto, as chancelarias de Alemanha, França, EUA, Itália e Reino Unido disseram que a medida irá exacerbar a crise entre israelenses e palestinos, já agravada após uma série de ataques nas últimas semanas.

O gabinete de segurança de Israel anunciou no domingo (12) que legalizará nove assentamentos na Cisjordânia, em resposta ao que chamou de "atos terroristas mortais" ocorridos nos últimos dias. Na sexta (10), um palestino matou três israelenses em um atropelamento em Jerusalém Oriental.

Assentamento israelense de Efrat, na periferia da Cisjordânia - Ahmad Gharabli - 16,jul.21/AFP

Os nove assentamentos eram considerados ilegais sob a lei israelense porque foram estabelecidos sem a aprovação do governo. Já organizações internacionais, entre as quais as Nações Unidas, consideram todos os assentamentos judaicos na Cisjordânia ilegais sob o direito internacional.

Ao justificar a expansão, o governo de Binyamin Netanyahu disse que "as colônias existem há anos, algumas das quais há décadas". Bibi, como o premiê é conhecido, disse ainda que a presença das forças de segurança em Jerusalém será reforçada. Na nota conjunta, os cinco países que criticaram o movimento de Israel se mostraram "preocupados com o anúncio do governo, que constrói dez mil unidades de assentamento e agora inicia um processo para normalizar nove postos avançados".

Também no comunicado, os ministros das Relações Exteriores afirmam que a paz "justa e duradoura" no Oriente Médio só será alcançada com "negociações diretas entre as partes" e que "israelenses e palestinos merecem viver em paz com medidas iguais de liberdade, segurança e prosperidade".

A Cisjordânia é um território palestino ocupado por Israel desde 1967. Mais de 475 mil israelenses moram em assentamentos na região, onde vivem aproximadamente 3 milhões de palestinos.

A expansão dos assentamentos foi uma promessa de campanha de Netanyahu, que lidera o governo mais à direita da história de Israel, com a participação de líderes nacionalistas. Nos últimos dias, aliados do premiê vinham pressionando pela construção de moradias como resposta aos ataques em Jerusalém.

As tensões aumentaram em janeiro, com a morte de dez palestinos durante uma ação do Exército israelense na Cisjordânia. Autoridades israelenses disseram ter trocado tiros com militantes da Jihad Islâmica e do Hamas, grupos considerados terroristas por diversos países ocidentais.

A Autoridade Palestina —concebida como um governo de transição até o estabelecimento de um Estado— disse que inocentes foram mortos na ação e que encerraria sua parceria com Israel na área da segurança. A cooperação, que já foi interrompida em outros momentos de crise, era considerada por muitos como responsável por impedir ataques contra Tel Aviv e por manter certa estabilidade na Cisjordânia.

Desde então, vários ataques foram registrados na Cisjordânia. No mais mortal deles, sete pessoas foram mortas a tiros em frente a uma sinagoga, em Jerusalém Oriental, no mês passado.

É neste contexto que políticos aliados a Netanyahu defendem mais construções de assentamentos, além da ampliação de ofensivas na Cisjordânia. Após os ataques, o governo de Israel também iniciou uma ação contra as casas e os direitos das famílias de palestinos que atiraram contra israelenses.

O anúncio de expansão dos assentamentos acontece ainda num momento em que o governo Netanyahu enfrenta protestos desencadeados por um projeto que ameaça a autonomia do Judiciário do país. Na segunda (13), de 80 mil a 100 mil cidadãos se reuniram para protestar contra a proposta —muitos aderiram à greve convocada pela oposição e viajaram de Tel Aviv a Jerusalém para participar do ato.

O texto permitiria que o Knesset, o Parlamento de Israel, derrubasse decisões da Suprema Corte por meio de votações com maioria simples —algo que a coalizão que sustenta a atual administração já possui.

O governo argumenta que a mudança é necessária para tirar a Justiça das mãos de "magistrados elitistas e tendenciosos". Na prática, porém, ela daria superpoderes ao premiê e a seus aliados durante o mandato.

Com AFP

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