Descrição de chapéu União Europeia imigrantes

União Europeia registra quase 1 milhão de pedidos de asilo em 2022

Recorde de requerimentos em 7 anos se deve em parte à retomada das viagens após fim da pandemia

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Bruxelas | AFP

A União Europeia (UE) registrou no ano passado número recorde de pedidos de asilo em sete anos, mostra relatório da agência responsável pelo tema no bloco, a AUEA, divulgado nesta quarta-feira (22).

De acordo com o documento, países-membros da UE —junto com Suíça e Dinamarca— receberam 966 mil requerimentos em 2022, aumento de 50% em relação ao ano anterior. Volume do tipo não era registrado desde 2016, quando, em meio à guerra na Síria, 1,2 milhão de pessoas entraram com pedidos de asilo.

Imigrantes em barco de pesca no porto de Paleochora, após resgaste na ilha de Creta, na Grécia - 22.nov.22/Reuters

A AUEA diz que o recorde pode ser explicado em parte pela suspensão de restrições a viagens relacionadas à pandemia nos últimos dois anos, um bloqueio natural às demandas. As limitações foram retiradas ao longo do ano passado, com o avanço do programa de vacinação contra a Covid no continente.

A cifra também pode ser atribuída a situações de conflito e de insegurança alimentar em diversas regiões do mundo. Do total de requerimentos enviados, apenas 40% foram aceitos. A maior parte das solicitações partiu de sírios e afegãos, que juntos são responsáveis por quase um quarto do total de requerimentos.

Os sírios apresentaram 131,7 mil demandas de asilo, aumento de 24% em comparação com 2021. Já os afegãos foram responsáveis por 129 mil pedidos, alta de 29% em relação ao mesmo período.

Em seguida aparecem, nesta ordem, cidadãos da Turquia (55,4 mil pedidos), Venezuela (50,8 mil) e Colômbia (43,2 mil). Da América Latina, ainda foram registrados pedidos do Peru (12,8 mil), El Salvador (3.800), Cuba (3.300), Honduras (3.300), Haiti (3.000), Equador (772) e República Dominicana (591).

O Brasil também está na lista, com 1.600 pedidos —quase o dobro em relação a 2021, mas praticamente o mesmo que em 2020. A agência europeia afirma ainda que ucranianos também estão entre as nacionalidades que mais apresentaram pedidos de asilo (28,3 mil), mesmo que, segundo a AUEA, os que o fizerem representem apenas 2% do total de mais de 8 milhões de refugiados hoje no continente.

Isso acontece porque os cidadãos do país invadido pela Rússia contam com um outro sistema de proteção temporária implementado pela UE assim que a guerra estourou que permite ter acesso a redes de assistência social e direito a trabalho, além de matrículas em escolas, sem a necessidade de asilo.

Segundo a AUEA, o bloco registrou ainda um outro recorde em 2022, relativo à chegada de menores de idade desacompanhados. Foram 43 mil indivíduos nessa situação, o maior volume desde 2015.

À medida que observam a alta nas cifras, países da Europa temem que um novo fluxo de migração possa começar em breve. Assim como houve uma alta na demanda de afegãos após o Talibã retomar o poder em agosto de 2021, agora a série de terremotos que atingiu a fronteira entre Turquia e Síria, degradando a já preocupante situação local, pode levar mais cidadãos desses países a buscarem refúgio ou asilo na UE.

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