Apagão deixa 40% da população da Argentina sem energia elétrica

Incêndio em linha de transmissão obrigou desconexão de central nuclear e afetou fornecimento a 20 milhões de pessoas

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São Paulo

Um apagão na tarde desta quarta-feira (1º) interrompeu o fornecimento de energia elétrica a cerca de 40% da população da Argentina, o que equivale a 20 milhões de pessoas. Foram afetadas as províncias de Santa Fé, Córdoba, Mendoza, San Juan e grande parte da área metropolitana de Buenos Aires.

Autoridades afirmaram à imprensa local que a causa da queda de energia foi um incêndio ocorrido por volta das 16h próximo a linhas de transmissão de alta tensão entre as cidades de Campana e General Rodríguez, perto da capital argentina.

"Ante o desequilíbrio da oferta de energia, o sistema responde de forma imediata, provocando a desconexão da geração para sua própria proteção", afirmou a Secretaria de Energia duas horas após o incidente.

Apagão na Argentina deixou 40% da população do país sem energia elétrica; na foto, bairro de Caballito, em Buenos Aires, nesta quarta (1º)
Apagão na Argentina deixou 40% da população do país sem energia elétrica; na foto, bairro de Caballito, em Buenos Aires, nesta quarta (1º) - Emmanuel Fernández/Clarin

A Nucleoelétrica, empresa responsável pelas centrais de energia nuclear do país, tirou de serviço a Central Nuclear de Atucha 1 por questões de segurança, um mecanismo preventivo já esperado em situações como a desta quarta.

O efeito dominó de linhas e centrais de energia se desconectando do sistema resultou no blecaute, o que analistas afirmam, com as informações até o momento divulgadas, demonstrar a fragilidade do sistema elétrico argentino. O governo afirmou que investigará as causas do incêndio.

Em Buenos Aires, todas as linhas de trens metropolitanos foram afetadas perto do horário de pico, causando demora, limitação na circulação de trens e caos no sistema de transporte. Nas redes sociais, passageiros publicaram vídeos caminhando sobre os trilhos diante da interrupção do serviço.

Segundo o governo da cidade, dezenas de semáforos e milhares de postes de iluminação ficaram sem energia, dificultando a volta para casa. Bombeiros também foram acionados para resgatar pessoas de elevadores que pararam simultaneamente em toda a cidade.

O apagão fez o governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, adiar a abertura das sessões legislativas regionais que seriam realizadas nesta quarta.

Algumas horas antes do apagão, o presidente argentino, Alberto Fernández, fez um discurso com duras críticas à Suprema Corte e ao Judiciário na abertura do ano legislativo no Congresso. Em seu perfil no Twitter, usuários ignoravam publicações sobre o discurso e questionavam quando a energia voltaria.

"Como [o incidente] é justamente no coração da demanda por energia, a perda repentina da linha causa oscilações que apagam outras instalações, então é preciso repor [o serviço] aos poucos", afirmou Santiago Yanotti, subsecretário de Energia Elétrica argentino.

O site da Cammesa, empresa que administra o sistema de conexão de energia elétrica no país, mostra uma queda abrupta de uso de energia pouco antes das 16h. Naquele momento, a demanda atingia pouco mais de 26 mil megawatts e, às 17h, marcava 15 mil megawatts.

Yanotti previu que o fornecimento seria retomado por volta das 20h nacionalmente. No horário previsto, o site da Cammesa, às 20h, o uso de energia correspondia a pouco mais de 22 mil MW, cerca de 2.000 MW a menos do que a demanda consumida no dia anterior —o que indicava retomada do fornecimento, ainda que mais lenta do que a previsão do subsecretário. Às 22h, a diferença estava na casa dos 1.000 MW.

O incidente ecoa um apagão ocorrido no país em 2022, também no começo do ano, quando uma onda de calor provocou um incêndio que afetou uma linha de transmissão de energia. Na ocasião, a região metropolitana de Buenos Aires foi prejudicada, e mais de 700 mil pessoas ficaram sem luz.

A Argentina iniciou 2023 com um apagão. Grande parte da capital foi impactada na ocasião, e cerca de 400 mil pessoas tiveram corte de energia na madrugada do primeiro dia do ano. A justificativa da Edesur, uma das concessionárias de energia do país, foi a queda de um balão em uma subestação, o que provocou curto-circuito em dois transformadores conectados à rede de alta tensão.

Em 2019, o sistema argentino de conexão da energia elétrica também colapsou e deixou dezenas de milhões de pessoas no escuro por 11 horas na Argentina, no Uruguai e em partes do Paraguai.

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