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Nicarágua fecha embaixada do Vaticano no país após comentário do papa sobre Ortega

Francisco comparou ditadura no país da América Central a regimes de Adolf Hitler e da União Soviética

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Cidade do Vaticano | Reuters

O ditador da Nicarágua, Daniel Ortega, ordenou o fechamento da embaixada do Vaticano em Manágua e da embaixada nicaraguense na sede da Igreja Católica, afirmou uma autoridade da Igreja Católica neste domingo (12).

A decisão ocorre dois dias após a divulgação de uma entrevista do papa Francisco em que o pontífice afirmou que Ortega sofre de um "desequilíbrio" e comparou seu regime à ditadura comunista na União Soviética e ao regime nazista de Adolf Hitler.

Nicaraguense exilado na Costa Rica segura um desenho do Papa Francisco com uma bandeira da Nicarágua cobrindo sua boca durante protesto em San Jose
Nicaraguense exilado na Costa Rica segura um desenho do Papa Francisco com uma bandeira da Nicarágua cobrindo sua boca durante protesto em San Jose - Mayela Lopez - 19.ago.22/Reuters

"Com muito respeito, não tenho escolha a não ser pensar em um desequilíbrio na pessoa que lidera [Daniel Ortega]. Lá temos um bispo preso, um homem muito sério, muito capaz. Ele queria dar seu testemunho e não aceitou o exílio. É uma coisa que está fora do que estamos vivendo, é como se estivesse trazendo a ditadura comunista de 1917 ou a ditadura hitlerista de 1935", disse o chefe da Igreja Católica a um veículo argentino.

A autoridade da Santa Sé ouvida pela Reuters disse que os fechamentos configuram um passo importante em direção à ruptura total dos laços diplomáticos entre Manágua e o Vaticano. A chancelaria nicaraguense descreveu o ato como uma "suspensão" das relações entre os países em comunicado à imprensa.

Em agosto, a polícia da Nicarágua prendeu o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, e outras sete pessoas —quatro sacerdotes, dois seminaristas e um funcionário da diocese. Desde então, Francisco vem pedindo a soltura deles publicamente.

Álvarez e os demais religiosos são acusados pela polícia nicaraguense de organizar grupos violentos, fomentar o ódio e realizar atividades desestabilizadoras e provocadoras.

Segundo o Observatório Pró-Transparência e Anticorrupção, entre abril de 2018 e maio de 2022 houve ao menos 190 agressões contra a Igreja Católica na Nicarágua.

Paralelamente, em 2019, Francisco pediu a libertação do então bispo auxiliar de Manágua, Silvio José Báez, que atuara na mediação de manifestantes com o regime e acabou acusado de tramar um golpe —ele hoje vive no exílio.

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