Itália apreende navio de grafiteiro Banksy que resgatava migrantes

Embarcação do artista plástico transportava 178 pessoas e atracou em Lampedusa

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Milão | Reuters

A guarda costeira da Itália apreendeu neste domingo (26) em Lampedusa um navio de resgate de migrantes financiado pelo grafiteiro Banksy, um dos mais famosos artistas de rua no mundo.

Autoridades disseram que a embarcação foi apreendida porque teria desobedecido instruções de seguir para a Sicília após realizar uma operação de resgate. Em vez de atracar em Trapani, na região, o navio teria ido ajudar migrantes em três outros barcos na área de Malta.

Migrantes esperam para desembarcar do navio de resgate Geo Barents, operado pela ONG Médicos Sem Fronteiras - Darrin Zammit Lupi -26.mar.23/Reuters

A ordem foi dada de acordo com uma controversa lei aprovada na Itália neste ano que estabelece um código de conduta para navios de resgate.

De acordo com a nova legislação, navios devem solicitar acesso a um porto e navegar até ele em vez de permanecer no mar procurando outros barcos de migrantes em perigo. Para ONGs, esse mecanismo é uma forma de limitar os resgates.

A guarda costeira disse que queria evitar que o navio de Banksy levasse muitas pessoas a bordo, porque isso poderia colocar a segurança dos passageiros em risco. Com 30 metros de comprimento, a embarcação transportava 178 migrantes quando atracou em Lampedusa.

O navio, batizado de MV Louise Michel, é um antigo barco da marinha francesa e foi comprado com o dinheiro que Banksy arrecadou com a venda de suas obras. O artista anônimo, que ganhou uma exposição até o final de abril em São Paulo, é conhecido pela ácida militância política.

A ONG Louise Michel, dona da embarcação, disse em sua conta no Twitter que foi informada de que o navio havia sido apreendido por uma violação da nova legislação local, mas que iria recorrer da decisão.

"Sabemos de dezenas de barcos em perigo bem em frente à ilha neste exato momento, mas estamos sendo impedidos de ajudar. Isso é inaceitável!", escreveu a organização.

Ainda neste domingo, um oficial de segurança da Tunísia afirmou que ao menos 29 migrantes de países da África Subsaariana morreram quando dois barcos afundaram próximo ao país enquanto eles tentavam cruzar o Mediterrâneo para chegar à Itália.

O episódio reflete a intensificação da crise migratória na região. Nos últimos quatro dias, cinco barcos de migrantes afundaram perto das costas de Sfax e Mádia, na Tunísia, deixando 67 desaparecidos e outros nove mortos, após um aumento significativo de embarcações.

A guarda costeira informou ter parado cerca de 80 barcos com destino à Itália no período e detido mais de 3.000 migrantes, a maioria da África Subsaariana. A costa perto de Sfax tornou-se um importante ponto de partida para pessoas que fogem da pobreza e dos conflitos na África e no Oriente Médio na esperança de uma vida melhor na Europa.

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