Descrição de chapéu RFI Governo Biden tiktok

Coiotes usam TikTok para atrair migrantes a travessias ilegais com destino aos EUA

Criminosos cobram R$ 7 mil por imigrante, com viagens saindo de México, Guatemala, Colômbia e Equador

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

RFI

Traficantes de pessoas publicam anúncios no TikTok para atrair imigrantes que pretendem atravessar ilegalmente a fronteira entre o México e os EUA. O "pacote" custa em média US$ 7 mil (R$ 37 mil).

Os anúncios mostram um grupo de pessoas com roupas camufladas que avançam no meio da noite entre os arbustos de uma região árida, situada na fronteira entre os dois países. O local se parece com as paisagens do deserto de Sonora, no noroeste do México.

a foto mostra um celular onde passa um vídeo no tiktok com pessoas atravessando por uma região árida
Imigrante mostra anúncio de coiotes publicados na rede TikTok que propõem a travessia ilegal entre o México e os Estados Unidos - Claudio Cruz - 14.mar.23/AFP

Em um outro perfil, a propaganda propõe a travessia pelo estado de Tamaulipas, mostrando uma foto de crianças a bordo de um bote inflável. "Também realizamos travessias com crianças e famílias", especifica. Segundo a agência AFP, que investigou a prática, há centenas de perfis que propõem viagens saindo dr Guatemala, Colômbia e Equador.

A luta contra o crime organizado no TikTok é um desafio para autoridades americanas. O CEO da empresa, Shou Zi Chew foi sabatinado nesta quinta-feira (23) por parlamentares da Câmara dos Representantes dos EUA sobre essa e outras questões.

O governo americano apoia o projeto de lei conhecido como "Restrict Act", que pode autorizar o presidente Joe Biden a tomar decisões que visem a proteger o país de ameaças tecnológicas. Entre elas, a proibição de aplicativos como o TikTok.

Motoristas

Os coiotes, que se identificam no Tik Tok com a hashtag #pollero (expressão em espanhol que designa os traficantes) recrutam motoristas para a rede de imigração clandestina no Arizona, com promessa de salário entre US$ 3 mil (R$ 15,9 mil) e US$ 15 mil (R$ 79,4 mil).

Os criminosos cobram US$ 7 mil por imigrante. A viagem, na caçamba de uma caminhonete, ou dentro de um caminhão, por centenas de quilômetros e em condições precárias, pode custar a vida a eles.

Em junho passado, por exemplo, 56 migrantes foram encontrados mortos asfixiados dentro de um reboque abandonado perto de Santo Antonio, no Texas. Em 9 de dezembro de 2021, dezenas de imigrantes morreram em um acidente de caminhão na estrada de Chiapas, no sul do país.

No total, 7.661 migrantes morreram ou desapareceram a caminho dos EUA, desde 2014, de acordo com a Organização Internacional para as Migrações (OIM).

Um relatório divulgado pela entidade confirmou que o TikTok é utilizado como um "meio de promoção" pelos coiotes, que mostram vídeos de casos bem-sucedidos de travessias clandestinas.

Os dados foram obtidos junto a 531 migrantes. Cerca de 64% deles tinham um telefone celular e acesso a internet durante a viagem. No TikTok, migrantes também encontram conselhos e compartilham suas experiências.

Coiotes são interceptados pela polícia na hora do pagamento

A direção do aplicativo garante que a promoção de atividades criminosas é proibida. "Não vamos tolerar conteúdos que promovam a exploração humana e o tráfico de pessoas", escreveu a empresa em comunicado. A plataforma, que pertence ao grupo chinês Bytedance, afirma ter apagado, por iniciativa própria, no terceiro trimestre de 2022, 82% dos vídeos associados a práticas criminosas.

As autoridades mexicanas estão realizando suas próprias investigações e operações para lutar contra o crime organizado online. Os policiais da unidade especializada em cibersegurança do país entram em ação quando os migrantes procuram os coiotes para realizar o pagamento pela internet, segundo o chefe da unidade, Benjamin Oviedo. Desta forma, podem identificá-los e localizá-los para tentar efetuar a prisão.

Com AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.