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Seis militares morrem afogados no Peru ao tentar fugir de manifestantes

Presidente Dina Boluarte completa três conturbados meses no poder com protestos que não arrefecem no país

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Lima | AFP

Ao menos seis militares do Peru morreram afogados em uma região próxima à fronteira com a Bolívia após tentarem cruzar um rio para fugir de manifestantes contra o governo de Dina Boluarte, disse Lima nesta segunda-feira (6). Ainda há soldados desaparecidos.

Segundo a mídia local, as Forças Armadas enviaram tropas em um helicóptero e por terra para o distrito de Juli, na província de Chucuito, uma área de tensão crescente. No caminho, de difícil acesso, soldados começaram a ser atacados por um grupo de 800 a 900 pessoas.

Policial em meio a protestos contra governo de Dina Boluarte na capital Lima
Policial em meio a protestos contra governo de Dina Boluarte na capital Lima - Ernesto Benavides - 4.mar.23/AFP

O capitão da equipe, então, teria indicado que os militares cruzassem o rio. A força da correnteza fez com que muitos fossem levados pela água. Alguns dos soldados não saberiam nadar, disseram testemunhas.

O Peru vive uma expressiva crise política e social intensificada após a queda do presidente Pedro Castillo, destituído e preso após tentar um golpe de Estado malsucedido no início de dezembro. Até aqui, mostra levantamento da agência de notícias AFP, ao menos 53 pessoas morreram, entre civis e militares. Mais de mil se feriram.

"Quando os soldados chegaram ao rio, foram apedrejados", disse o general Jhony León, comandante da região militar Sul, a um canal de TV local. "Estávamos ali sem causar o menor impacto."

O caso ocorreu no rio Llave. Dali, a patrulha seguiria para Juli, onde graves confrontos foram registrados no último sábado (4) e resultaram em pelo menos 16 pessoas feridas e uma delegacia incendiada.

Nesta terça (7), Dina, a primeira mulher a liderar o país, completa três conturbados meses no poder. Vice de Castillo, ela substituiu o ex-líder, hoje formalmente investigado por corrupção e lavagem de dinheiro.

No mesmo dia, ela será interrogada em uma investigação que apura sua responsabilidade nas mortes ocorridas em protestos. Em 10 de janeiro, o Ministério Público começou a investigá-la sobre supostos crimes de genocídio, homicídio qualificado e lesões graves —o que Dina nega.

Ao jornal El Comercio sua advogada, Kelly Montenegro, disse que Dina tem "toda a vontade de ajudar com a apuração da verdade".

Professor e líder sindical, Castillo cumpre 18 meses de prisão preventiva em Barbadillo, pequeno centro de detenção voltado para ex-autoridades do país dentro do quartel da Direção de Operações Especiais da Polícia, em Lima. Eleito para um mandato de cinco anos, ele estava no cargo havia 17 meses quando tentou um golpe.

Na última semana, na tentativa de arrefecer os protestos, o governo peruano anunciou o lançamento de mais de 30 projetos de parcerias público-privadas no valor de cerca de US$ 9 bilhões (R$ 46 bi) para reaquecer a economia. "A chave é recuperar a confiança", disse o chefe da agência de investimentos, José Salardi, na ocasião.

Os projetos, que envolvem infraestruturas rodoviárias, energéticas e sanitárias, por exemplo, têm início previsto para este ano e 2024, segundo Safardi anunciou em evento com investidores em Lima.

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