Descrição de chapéu Folhajus América Latina

Tribunal da Argentina que condenou Cristina Kirchner a acusa de corrupção estatal

Magistrados alegam que caso de contratos de obras em Santa Cruz gerou prejuízo de R$ 2 bilhões ao Estado

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São Paulo

O tribunal que condenou Cristina Kirchner, vice-presidente da Argentina, a seis anos de prisão e que determinou sua inabilitação perpétua para exercer cargos públicos, em decisão proferida há três meses, divulgou nesta quinta-feira (9) os argumentos que fundamentaram o veredicto da Justiça.

Segundo um documento de mais de 1.600 páginas sobre o caso da peronista, Cristina cometeu atos de corrupção estatal. A corte entendeu que as manobras da líder argentina para conceder contratos de obras públicas ao empresário Lázaro Báez tinham como objetivo beneficiar ela e Néstor Kirchner (1950-2010), com quem foi casada.

A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante inauguração de um centro esportivo que leva o nome do jogar Diego Maradona em Buenos Aires
A vice-presidente da Argentina, Cristina Kirchner, durante inauguração de um centro esportivo que leva o nome do jogar Diego Maradona em Buenos Aires - 27.dez.22/Divulgação via AFP

De acordo com os cálculos divulgados pelo tribunal, o caso de corrupção gerou um prejuízo ao Estado argentino no valor de US$ 407 milhões (cerca de R$ 2 bilhões).

"Ainda que sem uma sociedade formal, o lucro que [Cristina] Fernández de Kirchner obtinha graças a Báez é mais do que suficiente para provar a existência da operação corrupta", escreveram os magistrados, segundo relatos do jornal La Nación.

"Estamos diante de um ato de corrupção estatal que mina a legitimidade das instituições públicas, atenta contra a sociedade, a ordem moral e a Justiça, assim como o desenvolvimento integral dos povos", seguiram os juízes no documento agora disponível ao público.

O veredicto da condenação de Cristina foi divulgado no início de dezembro passado no caso que ficou conhecido como "Causa Vialidad". O Ministério Público a acusa de ter liderado uma "extraordinária matriz de corrupção" para desvio de verbas na forma de concessões de obras públicas na província de Santa Cruz à empresa de um amigo da família Kirchner, Lázaro Báez.

A vice-presidente acusa a Justiça argentina de ser parcial e de aplicar uma tática de lawfare —uso da lei para perseguição política. Ela não comentou o desenrolar do caso nesta quinta-feira. Sua defesa, uma vez que já foram publicados os argumentos dos magistrados, poderá agora recorrer da decisão.

O presidente Alberto Fernández também fez duras críticas à Justiça recentemente, no mesmo dia em que um apagão deixou 40% da população argentina sem energia elétrica.

Nesta sexta-feira (10), Cristina participou de um evento na Universidade de Rio Negro, que a condecorou com um título de doutora honoris causa. Cristina também dará uma conferência sobre a política argentina e a crise econômica no país, lastimado pela alta e crônica inflação. As atualizações sobre o caso da vice-presidente ocorrem a apenas alguns meses das eleições no país sul-americano, marcadas para outubro.

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