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Vargas Llosa critica governos que questionam legitimidade de Dina no Peru

Prêmio Nobel referia-se a dirigentes do México e da Colômbia, que defendem o ex-presidente afastado Pedro Castillo

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Lima | AFP

O escritor Mario Vargas Llosa recriminou nesta quarta-feira (8) governos latino-americanos que questionam a legitimidade da atual presidente do Peru, Dina Boluarte.

A declaração se deu durante a cerimônia em que ele recebeu um título da Ordem do Sol, distinção concedida pelo Estado peruano a personalidades de destaque em campos como as artes e a política.

A presidente do Peru, Dina Boluarte, presenteia o escritor Mario Vargas Lllosa com medalha da Ordem do Sol em cerimônia no Palácio do Governo em Lima - Melina Mejia - 8.mar.23/Presidência do Peru/via AFP

O prêmio Nobel de 86 anos fazia referência aos dirigentes do México, Andrés Manuel López Obrador, e da Colômbia, Gustavo Petro, que defenderam Pedro Castillo após sua deposição —o ex-presidente foi detido e afastado no final do ano passado depois de um golpe de Estado fracassado.

Obrador, inclusive, ofereceu asilo político ao professor e líder sindical de esquerda, hoje em prisão preventiva, investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Sua mulher, Lilia Paredes, e os dois filhos do casal, Arnold, 16, e Alondra, 10, aceitaram o convite, porém, e vivem hoje no México.

Já Petro foi declarado "persona non grata" pelo Congresso peruano no mês passado, após comparar as forças de segurança nacionais a tropas nazistas em razão da repressão do governo aos protestos que eclodiram após a saída de Castillo.

Levantamento divulgado pela Defensoria Pública peruana nesta quarta-feira afirma que ao menos 66 pessoas morreram durante os protestos, incluindo 48 civis e 7 militares por enfrentamentos.

Vargas Llosa decreveu as declarações dos governantes como tentativas de interferência que violariam "normas internacionais e os princípios de boa vizinhança mais elementares". "É uma injustiça sustentar, como fazem alguns grupos interessados, que no Peru aconteceu uma ruptura da ordem constitucional e da democracia."

O escritor, que compareceu ao evento ao lado dos três filhos e da ex-mulher Patricia Llosa, ainda denunciou uma suposta distorção da realidade feita pelos meios de comunicação, que segundo ele apresentavam o Peru como "uma caricatura de democracia".

Conhecido até alguns anos atrás por um liberalismo progressista, o peruano vêm apoiando candidatos de direita, como o ex-líder argentino Mauricio Macri e Keiko Fujimori, derrotada por Castillo nas últimas eleições —ela é filha do ex-ditador Alberto Fujimori, que comandou o Peru entre 1990-2000.

O Peru vive uma convulsão política e social desde dezembro, quando a queda de Castillo levou seus apoiadores às ruas para exigir a renúncia de Dina, acusada por eles de traição por ter sido vice do ex-presidente, e a libertação do líder esquerdista, além da antecipação das eleições gerais, a dissolução do Congresso e a criação de uma Assembleia Constituinte.

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