Descrição de chapéu Rússia

EUA voltam a pedir libertação de jornalista preso na Rússia, e Moscou critica politização

Ministro russo das Relações Exteriores disse a secretário americano que decisão não cabe ao Kremlin

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Washington | Reuters

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, ligou neste domingo (2) para o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, e pediu a libertação imediata do repórter do Wall Street Journal Evan Gerchkovitch, preso pela polícia russa na semana passada. Ele é acusado de espionagem.

Na conversa, Lavrov teria dito a Blinken que é inaceitável que Washington politize o caso. Segundo o Kremlin, o russo afirmou ainda ao americano que Gerchkovitch foi preso em flagrante e que caberá à Justiça, não ao governo, decidir o futuro do jornalista.

Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em Genebra
Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, cumprimenta o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, em Genebra - Alex Brandon - 21.jan.22/Reuters

"[Lavrov] chamou a atenção de Blinken para a necessidade de respeitar as decisões das autoridades russas, tomadas de acordo com a lei e as obrigações internacionais da Federação Russa", disse o ministério. "Foi enfatizado que é inaceitável que as autoridades em Washington e a mídia ocidental criem uma agitação com a clara intenção de dar a este caso uma coloração política."

Já o Departamento de Estado disse que Blinken "transmitiu a grave preocupação dos EUA com a detenção inaceitável de um jornalista cidadão americano pela Rússia". O documento não cita o nome de Gerchkovitch.

O jornalista foi detido pelo FSB (Serviço Federal de Segurança) em Iekaterinburgo, cidade na divisa entre as porções europeia e asiática do país, na quinta-feira (30). O órgão disse que ele estava "colhendo informações classificadas como segredo de Estado sobre uma fábrica militar.

O Wall Street Journal negou veementemente que Gerchkovitch estivesse espionando. "O caso de Evan é uma afronta perversa à liberdade de imprensa e deve provocar indignação em todas as pessoas e governos livres em todo o mundo", escreveu o jornal no Twitter neste sábado (1º).

Gerchkovitch, 31, é cidadão americano de origem russa. Ele trabalha na Rússia desde 2017, tendo sido empregado pelo jornal virtual The Moscow Times e pela agência de notícias francesa France Presse. Foi contratado pelo WSJ em janeiro do ano passado.

Uma corte moscovita determinou que ele fique preso pelo menos até o dia 29 de maio, quando haverá uma audiência sobre o caso. Seu advogado, Daniil Berman, disse que não teve acesso ao tribunal, que alegou já haver um representante da defesa indicado pelo Estado. O crime de espionagem, do qual o repórter é acusado, tem pena de até 20 anos de prisão.

Para o Kremlin, o repórter preso se torna um ativo valioso para eventual libertação de russos detidos no exterior. Pouco antes da guerra, por exemplo, a jogadora de basquete americana Brittney Griner foi presa sob acusação de posse de drogas em um aeroporto moscovita. Ela só foi solta em dezembro, trocada pelo traficante de armas Viktor Bout, que cumpria 25 anos de cadeia nos EUA.

Griner publicou em seu perfil no Instagram no sábado um pedido para que o governo Biden continue usando "todas as ferramentas possíveis" para obter a libertação de Gerchkovitch. A esposa de Griner, Cherelle, também assinou a carta.

Outro americano, o ex-militar Paul Whelan, está preso desde 2018 acusado de carregar um pen drive com informações confidenciais. Em 2020, ele foi condenado a 16 anos de prisão, e afirma que foi vítima de uma armação.

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