Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Fronteira da Rússia com Ucrânia volta a ser alvo de ataques

Prédios da região russa de Belgorodo foram danificados por projéteis, diz governador

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Alvo de diferentes ataques nos últimos meses, a região russa de Belgorodo, que faz fronteira com a Ucrânia, sofreu novos disparos nas últimas 24 horas. O lançamento de 132 projéteis atingiu prédios no distrito de Graivoron, segundo o governador da região, Viatcheslav Gladkov, que não reportou vítimas.

O ataque acontece quatro dias após a mais grave incursão armada em território russo desde o início da Guerra da Ucrânia, em fevereiro do ano passado. Na segunda (22), o alvo também foi Graivoron, onde oito pessoas ficaram feridas e civis foram retirados de nove localidades, segundo autoridades russas.

Prédio danificado em Belgorodo após ataques da última segunda (22)
Prédio danificado em Belgorodo após ataques da última segunda (22) - 23.mai.23/Viatcheslav Gladkov no Telegram via Reuters

No início da semana, o episódio deu início a mais uma guerra de versões do conflito —autoridades da Rússia afirmam que ucranianos cruzaram a fronteira e se infiltraram na cidade, enquanto a Ucrânia afirma que os atos são de responsabilidade de grupos armados locais que se opõem ao Kremlin.

Dois grupos reivindicaram a autoria dos ataques de segunda —o Corpo Voluntário Russo e a Legião da Liberdade da Rússia. Ambos querem derrubar o presidente russo, Vladimir Putin, mas dependem de apoio ucraniano, segundo especialistas. Moscou disse que "esmagou" os agressores e matou 70 militantes.

Sobre o ataque mais recente, o governador disse que o distrito de Belgorodski, que circunda a capital da região, foi atingido por 14 tiros, inclusive de drones —um dos quais teria danificado um prédio do governo.

Os conflitos em território russo têm aumentado a tensão do conflito. Nesta sexta (26), o vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, o ex-presidente Dmitri Medvedev, disse que é impossível negociar com a Ucrânia enquanto o líder do país for Volodimir Zelenski, a quem chamou de palhaço.

"Tudo sempre termina em negociações, isso é inevitável. Mas enquanto essas pessoas estiverem no poder, a situação da Rússia não mudará em termos de negociações", disse ele, segundo agências de notícias russas. "Este conflito vai durar muito tempo. Por décadas, provavelmente. É uma nova realidade."

Medvedev citou ainda a possibilidade de um "ataque preventivo" caso aliados de Kiev enviem armas nucleares ao país, algo que, ao menos publicamente, nunca foi cogitado. "Existem leis irreversíveis da guerra. Com armas nucleares, terá que haver uma ação preventiva", disse. Antes visto como modernizador liberal quando foi presidente de 2008 a 2012, Medvedev hoje é autor de agressivas falas anti-Ocidente.

O Kremlin costuma dizer que os EUA já estão indiretamente em guerra com a Rússia, já que o país é um dos maiores defensores de que aliados armem a Ucrânia e punam Moscou economicamente.

O Japão, por exemplo, um aliado das potências ocidentais, anunciou nesta sexta-feira novas sanções contra a nação invasora. Tóquio congelará os bens de 17 cidadãos e de 78 organizações russas, além de proibir 80 entidades do país de exportar bens e serviços, anunciou o porta-voz do governo, Hirokazu Matsuno. As proibições vão afetar empresas militares russas e serviços de construção e engenharia.

As medidas repetem as já aplicadas por países como EUA e Reino Unido, que intensificaram as sanções contra a Rússia na esteira da cúpula do G7, grupo que concentra algumas das principais economias do mundo, realizada no último fim de semana. O Japão ainda condenou a transferência de armas nucleares russas para Belarus, operação divulgada pelo ditador Aleksandr Lukachenko nesta quinta (25).

A Ucrânia também foi atacada pela Rússia nesta sexta. Durante a noite, o governo de Zelenski diz ter derrubado dez mísseis e mais de 20 drones lançados em ataques noturnos contra Dnipro, a capital Kiev e regiões do leste. O gabinete do líder ucraniano disse ainda que um incêndio começou nos arredores da cidade de Kharkiv, no nordeste do país, depois que um depósito de petróleo foi atingido duas vezes.

Os alvos demonstram a nova estratégia russa. Depois de meses de ataques à infraestrutura de energia do país, agora as ofensivas do Kremlin procuram atingir instalações e suprimentos militares, na tentativa de impedir os preparativos para uma tão anunciada contraofensiva ucraniana.

Um dos mísseis disparados, porém, atingiu uma clínica de saúde em Dnipro e matou duas pessoas, além de ferir 23. Um vídeo mostra o prédio envolto por fumaça, com equipes de resgate observando a cena. Grande parte do andar superior do que parecia ser uma construção de três andares foi danificada.

"Outro ataque de míssil, outro crime contra a humanidade", escreveu Zelenski nas redes sociais. "Apenas um Estado maligno pode lutar contra clínicas. Não pode haver propósito militar nisso. É puro terror russo."

O governador regional Serhii Lisak disse que um homem de 69 anos foi morto. "Ele estava passando quando o foguete dos terroristas russos atingiu a cidade." O corpo de outro homem foi retirado dos escombros e 21 dos 23 feridos foram levados ao hospital. Três estão gravemente feridos.

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.