Incêndio que matou 19 na Guiana foi causado de forma proposital por estudante

Autoridades afirmam que adolescente teria ateado fogo no banheiro após ter celular confiscado no internato em que vivia

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São Paulo

O incêndio que matou 19 menores de idade em um dormitório estudantil em Mahdia, na Guiana, no início desta semana, foi causado por uma estudante, afirmou nesta terça (23) o prefeito do município.

David Adams se recusou a dar informações sobre a situação da aluna, que também ficou ferida. Outras autoridades, como o conselheiro de Segurança Nacional Gerald Gouveia, porém, confirmaram que a menina, de 14 anos, está internada em um hospital.

Parentes e amigos das vítimas do incêndio no dormitório estudantil de Mahdia, na Guiana, durante reunião com o presidente do país, Irfaan Ali
Parentes e amigos das vítimas do incêndio no dormitório estudantil de Mahdia, na Guiana, durante reunião com o presidente do país, Irfaan Ali - Keno George - 22.mai.23/AFP

À agência de notícias Associated Press ele afirmou que a estudante estava chateada por ter seu celular confiscado no colégio, o que teria ocorrido por ela manter um relacionamento com um homem mais velho, cuja idade não foi divulgada à imprensa.

Ela teria ameaçado incendiar o dormitório que compartilhava com outras colegas e, depois, ateou fogo em um banheiro. A chamas teriam se espalhado rapidamente no prédio de madeira, onde as meninas estavam trancadas para evitar que saíssem durante a noite.

A adolescente deve receber alta do hospital ainda nesta semana, segundo afirmou o conselheiro guianês, e, depois, deve ser levada para a detenção juvenil. No incêndio também ficaram feridas outros vinte menores de idade, a maioria indígena.

Outras autoridades foram mais cautelosas ao detalhar as descobertas da investigação. À agência AFP o comissário de polícia Clifton Hicken disse que tudo indica que o incêndio foi "iniciado de forma proposital", mas que exames de DNA ainda estão sendo feitos e terão os resultados divulgados nos próximos dias.

Questionada pela Reuters sobre o fato de as instalações não serem equipadas com um sistema de alarme de incêndio moderno e os alunos não terem treinamento para episódios do tipo, a ministra da Educação Priya Manickchand afirmou que uma investigação está em andamento e que o objetivo é trazer melhorias para o setor educacional.

À Associated Press o vice-chefe dos bombeiros, Dwayne Scotland, havia relatado que as equipes de emergência locais poderiam ter salvo mais pessoas caso tivessem sido acionadas antes. Muitas das vítimas ficaram presas no prédio, ainda que bombeiros tenham conseguido resgatar algumas abrindo buracos nas paredes do dormitório estudantil.

Os feridos no incêndio seguem recebendo tratamento na cidade. Entre os mortos, o mais jovem tinha 5 anos e era filho do zelador do espaço. Todas as demais vítimas eram meninas e, de acordo com o governo, muitas eram irmãs —ao menos duas eram gêmeas.

O presidente da Guiana, Irfaan Ali, reuniu-se com alguns dos familiares das vítimas durante a segunda-feira (22) depois de visitar o hospital de Mahdia onde estão os feridos e declarou três dias de luto nacional.

Os mortos no episódio, em sua maioria meninas de 12 a 18 anos, eram de aldeias indígenas remotas atendidas pelo internato de Mahdia, uma comunidade mineradora perto da fronteira do país com o Brasil. No momento da tragédia, 56 estudantes estavam no prédio.

Em breve nota nesta segunda-feira compartilhada pelo Itamaraty, o Brasil manifestou solidariedade ao país e às famílias das vítimas.

Com AFP e Reuters

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