Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Kiev volta a ser alvo de ataques após maior ofensiva com drones russos na guerra

Trata-se de uma aparente mudança na estratégia de Moscou, que intensificou ofensiva contra capital

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São Paulo

No segundo dia consecutivo de ataques intensos a Kiev, o governo da Ucrânia disse que a Rússia voltou a lançar nesta segunda-feira (29) mísseis e drones contra a capital. Trata-se de uma aparente mudança na estratégia militar de Moscou, que escalou a ofensiva contra a cidade diante de uma esperada contraofensiva ucraniana e após a ação de grupos sabotadores em território russo.

A Força Aérea ucraniana disse ter conseguido repelir quase toda a ofensiva. Segundo o governo da Ucrânia, os sistemas de defesa interceptaram 37 dos 40 mísseis e 29 dos 35 drones usados no ataque. Mas os destroços que caíram em várias áreas de Kiev provocaram danos. Na região de Podilskii, o telhado de uma casa pegou fogo, e ao menos uma pessoa precisou ser hospitalizada.

"O inimigo mudou de tática. Depois de ataques noturnos, a Rússia agora quer atingir regiões pacíficas de Kiev durante o dia, quando a maioria dos moradores está trabalhando e fora de casa", disse Serhii Popko, chefe da administração militar de Kiev, acrescentando que a capital foi atacada em 16 dias do mês. "Com esses bombardeios constantes, os russos tentam manter a população em profunda tensão psicológica."

Socorristas trabalham para apagar incêndio em prédio após ataque russo com drones em Kiev
Socorristas trabalham para apagar incêndio em prédio após ataque russo com drones em Kiev - Pavlo Petrov - 28.mai.23/Serviço de Emergência da Ucrânia via AFP

A população que estava na rua correu para se abrigar em estações de metrô, enquanto explosões eram ouvidas na capital. Muitos moradores da cidade se acostumaram a ignorar as sirenes, mas os ataques desta segunda, mais intensos, provocaram pânico, de acordo com a agência de notícias AFP.

Segundo o comandante do Exército ucraniano, Valeri Zalujni, a Rússia tentou destruir instalações militares e o que chamou de infraestruturas essenciais, mas áreas residenciais acabaram atingidas. Já a agência estatal russa RIA mencionou apenas que os mísseis tiveram como alvos bases aéreas.

Em raro reconhecimento de danos à infraestrutura e a equipamentos militares por uma ofensiva russa, autoridades ucranianas afirmaram que funcionários trabalhavam para restaurar a pista de um aeródromo na região de Khmelnitskii, no oeste, também alvo de ataques nesta segunda. Ao menos cinco aeronaves foram atingidas, segundo o governo, que não especificou os modelos. "O trabalho segue para conter incêndios em locais de armazenamento de combustível e munições", disse o governo de Khmelnitski.

Na véspera, dia em que os ucranianos celebraram a efeméride da fundação de Kiev, um homem de 41 anos morreu durante o que pode ter sido o maior ataque com drones feito pela Rússia até agora.

A escalada dos ataques em Kiev e em outras regiões estratégicas ocorre num momento em que cresce a expectativa por uma contraofensiva da Ucrânia. Após semanas de especulações, Oleksi Danilov, uma das principais autoridades de segurança ucraniana, afirmou à britânica BBC que as ações em territórios hoje ocupados por forças da Rússia são iminentes —ele evitou estipular uma data para o início das operações.

Em abril, a Otan, aliança militar liderada pelos Estados Unidos, afirmou que já havia enviado 230 tanques para a contraofensiva. Outros 1.550 blindados também já estão nas mãos de Kiev. Paralelamente, soldados ucranianos passaram por treinamentos com forças ocidentais por várias semanas.

O governo russo se vê pressionado também pelo aumento de ataques em seu próprio território. Autoridades de Moscou disseram na semana passada que as ofensivas foram realizadas por forças ucranianas que cruzaram a fronteira e se infiltraram na cidade de Graivoron, enquanto Kiev afirmou que os atos foram realizados por grupos armados locais que se opõem ao Kremlin.

Após dois dias de combates, o Ministério da Defesa da Rússia chegou a dizer que os militares pró-Ucrânia haviam sido expulsos. Viatcheslav Gladkov, governador da região russa de Belgorodo, entretanto, afirmou que vários assentamentos continuavam sendo bombardeados por forças ucranianas nesta segunda.

Em comunicado no Telegram, Gladkov afirmou que duas instalações industriais foram danificadas e que quatro pessoas ficaram feridas. Parte da região está sem eletricidade. Belgorodo faz fronteira com a região ucraniana de Kharkiv e tem sido alvo de ataques frequentes desde o início da guerra.

Dois grupos reivindicaram a autoria dos ataques em Belgorodo —o Corpo Voluntário Russo e a Legião da Liberdade da Rússia. Ambos querem derrubar o presidente russo, Vladimir Putin, mas dependem de apoio ucraniano, segundo especialistas. Em resposta, Putin ordenou neste domingo (28) o envio de reforços à região fronteiriça e também às áreas sob domínio russo na Ucrânia. Segundo autoridades russas, a medida visa a garantir um movimento mais rápido de militares e de civis diante de ataques ucranianos.

Com Reuters e AFP

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