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Ataque terrorista mata 9 pessoas em restaurante da Somália

Mais tarde, 27 pessoas, a maioria crianças, morreram após um morteiro teoricamente desativado explodir no sul do país

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Mogadício (Somália)

Ao menos nove pessoas foram mortas em um ataque a um restaurante em Mogadíscio, a capital da Somália. A ação foi reivindicada pelo Al-Shabaab, grupo terrorista ligado à Al Qaeda.

Seis civis e três agentes de segurança morreram no atentado, segundo as autoridades. Outras 20 pessoas ficaram feridas em explosões e tiroteios intensos que apavoraram a população durante seis horas.

Homem caminha em frente a hotel em Mogadíscio destruído após a invasão de extremistas
Homem caminha em frente a hotel em Mogadíscio destruído após a invasão de extremistas - Hassan Ali Elmi/AFP

A ação começou pouco antes das 20h de sexta (9), no horário local (14h em Brasília), quando sete homens armados invadiram o hotel Pearl Beach, onde está localizado o restaurante, e fizeram reféns.

Sem divulgar detalhes, a polícia disse que todos os agressores foram neutralizados por volta das 2h deste sábado (20h de sexta em Brasília) —o paradeiro e o estado de saúde deles são desconhecidos.

Segundo as forças de segurança, 84 civis foram resgatados. Yaasin Nur, uma das vítimas que estava no restaurante, disse que o local tinha sido reformado recentemente e, no momento do ataque, estava cheio. Neste sábado, destroços do estabelecimento e manchas de sangue continuavam espalhados na rua.

Em nota, a polícia de Mogadíscio disse que os agentes mortos foram "bravos heróis". Já o Al-Shabaab comemorou o que chamou de ação bem-sucedida. "Eles [terroristas] conseguiram entrar na praia de Pearl."

Também na sexta, 27 pessoas, a maioria das quais crianças, morreram na cidade Qoryoley, no sul do país, após um morteiro, que teoricamente estava inativado, explodir enquanto brincavam ao redor. "Pedimos ao governo e às agências humanitárias que limpem as minas e projéteis da área", disse Abdi Ahmed, vice-comissário do município. Os incidentes ocorreram meses após o presidente somali, Hassan Sheikh Mohamud, iniciar, em setembro, uma ofensiva militar contra o grupo com apoio da inteligência dos EUA.

Lideranças da organização extremista foram expulsas das principais cidades da Somália em 2011 e 2012. Testemunhas, porém, relatam que eles buscaram refúgio e continuam atuando em áreas rurais. Desde então, o Al-Shabaab tem feito ataques sangrentos de retaliação para demonstrar a capacidade do grupo de atacar centros urbanos e instalações militares no país.

Em novembro, integrantes da organização atacaram outro hotel em Mogadíscio, matando nove pessoas. Um mês antes, dois carros-bomba explodiram numa área movimentada nos arredores do Ministério da Educação, deixando ao menos 100 pessoas mortas e 300 feridas, atentado que o Al-Shabaab também assumiu a autoria. O mesmo local já havia sido atacado em 2017, quando mais de 500 pessoas morreram.

No final de maio, combatentes do grupo atacaram uma base que abrigava tropas de paz de Uganda, localizada 130 km a sudoeste de Mogadíscio, ação que matou 54 soldados. O Al-Shabaab luta para estabelecer seu próprio governo com base em uma interpretação estrita da lei islâmica. Também busca acabar com um governo apoiado pelo Ocidente e que mantém acordos com a União Africana.

Além do conflito contra o Al-Shabaab, o governo somali tenta lidar com as consequências de uma seca recorde na região –em 2022, cerca de 43 mil pessoas morreram em decorrência do fenômeno, segundo um relatório da ONU. Destas, metade é formada por crianças menores de cinco anos de idade.

As consequências da emergência climática foram agravadas após cinco temporadas de chuva terem volume de água muito inferior ao esperado, o que devastou terras agrícolas e levou à fome generalizada.

O material afirma ainda que metade da população local necessita de assistência humanitária, algo que piorou após os impactos da Covid e a alta no preço dos alimentos, consequência da Guerra da Ucrânia.

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