Bolsonaro insinua que EUA interferiram nas eleições de 2022 para prejudicá-lo

Falas do ex-presidente vêm em resposta a reportagem sobre pressão de Washington contra possível golpe no Brasil

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Brasília

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que pode se tornar inelegível a depender de uma ação que corre no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), insinuou uma possível interferência dos EUA nas eleições de 2022, quando foi derrotado pelo presidente Lula (PT).

À Folha Bolsonaro comentou a reportagem do jornal Financial Times que relata formas como o governo de Joe Biden pressionou políticos e militares brasileiros para respeitaram a eleição, em meio aos ataques do ex-presidente e de aliados contra as urnas eletrônicas e integrantes do TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

O ex-presidente Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva em frente ao Senado Federal, em Brasília
O ex-presidente Jair Bolsonaro durante entrevista coletiva em frente ao Senado Federal, em Brasília - Gabriela Biló - 21.jun.23/Folhapress

O ex-presidente disse ter visto nos fatos narrados uma possível interferência indevida na disputa e que "mandou um colega" apurar melhor as informações —sem detalhar quem seria esse auxiliar. "A matéria está bastante consistente, acredito que tenha fundamento", disse ele nesta quinta-feira (22).

"Governo americano, Joe Biden, estamos analisando. Matéria bastante consistente, acredito que tenha fundamento. Citando, inclusive, militares e civis, autoridades, obviamente, que contribuíram —a palavra mais certa seria interferiram— com ações por ocasião das eleições não favoráveis a mim", disse ele.

Apesar da interpretação do ex-presidente, o Financial Times não afirma na reportagem que o governo americano teria agido em favor de um ou outro candidato. A ação teria se concentrado, diz a publicação, na garantia de que o resultado do pleito seria respeitado, em meio a temores de que a ofensiva de Bolsonaro contra o sistema de votação levasse a uma ruptura democrática.

O Financial Times diz ter ouvido "seis antigas e atuais autoridades dos EUA" e que "todas se esforçaram em sublinhar que a maior parte do crédito por salvar a democracia do Brasil pertence aos brasileiros, mas também foi resultado de campanha de pressão do governo dos EUA".

O jornal menciona, de um brasileiro não identificado, que militares americanos teriam ameaçado "rasgar acordos com o Brasil, de treinamento a operações conjuntas" e registra que "o Departamento de Estado e autoridades brasileiras pediram a autoridades taiwanesas prioridade a chips" para as urnas eletrônicas.

As revelações do jornal nipo-britânico também levaram a uma manifestação do senador Hamilton Mourão, vice de Bolsonaro no Palácio do Planalto. Ao FT o ex-embaixador dos EUA no Brasil Thomas Shannon disse que Mourão confessou a ele, em um breve conversa realizada em julho de 2022, que estava preocupado com o Brasil, no que seria uma referência à possibilidade de um golpe.

À Folha também nesta quinta-feira, no entanto, Mourão negou ter manifestado preocupação com a possibilidade de um golpe de Estado no Brasil patrocinado por Bolsonaro e pelas Forças Armadas.

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