Descrição de chapéu imigrantes

Direita conquista maioria e segue no poder na Grécia após 2ª eleição em um mês

Naufrágio de embarcação com migrantes mobilizou candidatos na reta final da disputa no país europeu

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São Paulo

O partido governista Nova Democracia, de direita, obteve neste domingo (25) a segunda vitória em um mês na Grécia. Desta vez, a legenda liderada pelo conservador Kyriakos Mitsotakis também garantiu a maioria absoluta no Parlamento nacional.

Milhares de gregos voltaram às urnas após a vitória dos governistas em 21 de maio. Na ocasião, sem conseguir a maioria parlamentar absoluta, Mitsotakis, que era premiê, recusou-se a buscar uma coalizão e propôs a realização de um segundo turno.

A estratégia se mostrou bem-sucedida.

O líder conservador Kyriakos Mitsotakis, até há pouco tempo premiê, celebra vitória de seu partido, o Nova Democracia, na sede da legenda em Atenas
O líder conservador Kyriakos Mitsotakis, até há pouco tempo premiê, celebra vitória de seu partido, o Nova Democracia, na sede da legenda em Atenas - Louiza Vradi/Reuters

Com 91% dos votos apurados, o Nova Democracia tinha 40,5% da preferência dos eleitores, contra 17,8% da legenda de esquerda Syriza, liderada pelo ex-chefe de Governo Alexis Tsipras. Trata-se da maior vantagem dos conservadores em 50 anos, segundo a agência de notícias AFP. Projeções apontam que o resultado deve garantir ao partido de direita 157 ou 158 dos 300 assentos no Parlamento.

O comparecimento às urnas, no entanto, foi de pouco mais de 52%, em comparação com 61% nas primeiras eleições realizadas em maio, de acordo com resultados preliminares.

"O apoio só aumenta minha responsabilidade", disse Mitsotakis ao celebrar o resultado diante de uma multidão na sede do partido em Atenas. "O povo, pela segunda vez em poucas semanas, deu-nos um mandato forte para avançarmos nas mudanças que o país necessita."

Integrantes do Syriza reconheceram a derrota, e Tsipras prometeu lutar "até o último segundo", apesar do desempenho bem abaixo do esperado. Primeiro-ministro pela primeira vez em 2019, quando seu partido também conquistou 158 cadeiras, Mitsotakis terá agora um novo mandato de quatro anos.

Oito partidos teriam superado a barreira de 3% dos votos para compor o Parlamento, indicam projeções. Entre eles está o Spartiates, de ultradireita, apoiado por Ilias Kassidiaris, ex-líder do partido neonazista Amanhecer Dourado preso por instigar uma campanha de violência contra imigrantes e adversários ideológicos.

O naufrágio de uma embarcação com migrantes próximo à costa do país, no último dia 14, mobilizou os candidatos na reta final da disputa. Socorristas resgataram 104 pessoas e retiraram 82 corpos do mar, mas centenas continuam desaparecidas —organizações apontam que o barco transportava cerca de 750 pessoas, a maioria paquistaneses.

Mitsotakis, cujo governo adotou linha-dura em relação à migração, culpou os "traficantes miseráveis" pelo desastre e elogiou os esforços da Guarda Costeira no incidente mais mortal do tipo registrado pela Grécia desde 2016.

Ele era o premiê da Grécia até o mês passado, mas deixou o cargo para se concentrar na disputa. Já o opositor Tsipras teve tom crítico, com questionamentos aos trabalhos das autoridades.

A Guarda Costeira da Grécia relatou que a embarcação com migrantes navegava em direção à Itália e foi detectada em águas internacionais. Na ocasião, o barco estava a 80 km da cidade grega de Pylos, e as pessoas a bordo teriam recusado assistência. Algumas horas depois, a embarcação afundou. A versão, porém, tem sido contestada por familiares das vítimas, que acusam a instituição de negligência.

Além de prometer aumentar o combate ao tráfico de migrantes, Mitsotakis disse que irá levar adiante reformas econômicas para melhorar a classificação de crédito da Grécia. Nos últimos anos, o país registrou crescimento de 8,4%, em 2021, e de 5,9%, no ano passado, acima da média do bloco europeu (5,3% em 2021 e 3,5% em 2022).

Ex-banqueiro, o líder do Nova Democracia planeja aumentar a receita com turismo. Ele também prometeu aumentar o salário mínimo para um valor próximo da média dos países da União Europeia.

Antes do naufrágio da embarcação com migrantes, Mitsotakis passou por outra crise em março, quando viu a população sair às ruas contra a resposta do governo ao acidente ferroviário que matou 57 pessoas próximo à cidade de Larissa —a cerca de 350 km ao norte de Atenas.

Ele chegou a pedir desculpas aos familiares das vítimas pela tragédia, considerada a maior do gênero no país. Depois, o governo atribuiu o acidente a um erro humano —os trens percorreram o mesmo trilho por quilômetros, sem que ninguém percebesse, e colidiram frontalmente.

Segundo analistas, o acidente com os trens e a pandemia de Covid, que respectivamente expuseram deficiências dos sistemas de transporte e de saúde públicos, não foram suficientes para diminuir entre os eleitores a boa avaliação geral do governo, impulsionada pelo desempenho econômico nos últimos anos.

Com AFP e Reuters

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