Marinha dos EUA detectou som de implosão após mergulho de submarino

Ruídos nortearam equipes americanas de resgate, segundo Wall Street Journal

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São Paulo

A Marinha dos Estados Unidos detectou sons consistentes com uma implosão após o mergulho do submarino Titan, no domingo (18), segundo o americano The Wall Street Journal. Destroços da embarcação que transportava cinco pessoas aos restos do Titanic foram encontrados nesta quinta (22).

Segundo a publicação, os ruídos nortearam as equipes americanas de resgate, que delimitaram as áreas de busca. Os barulhos foram captados por um sistema projetado para detectar submarinos inimigos.

"A Marinha dos EUA conduziu uma análise de dados acústicos e detectou uma anomalia consistente com uma implosão, ou explosão, nas proximidades do local em que o submersível Titan operava no momento em que as comunicações foram perdidas", disse a Marinha em comunicado enviado ao jornal americano.

Titan,  submarino que desapareceu durante uma expedição para o Titanic
Titan, submersível que desapareceu durante uma expedição para o Titanic - Divulgação

"Embora não sejam definitivas, essas informações foram imediatamente compartilhadas com o comandante do incidente para auxiliar na missão de busca e resgate."

Segundo o jornal The Washington Post, mencionando um oficial da Marinha que falou em condição de anonimato, os militares têm o protocolo de não divulgar esse tipo de informação antes do término das buscas por sobreviventes para que fatores externos não influenciem as operações.

A Marinha e a Guarda Costeira dos EUA, mobilizadas para as buscas do submarino, fazem com frequência treinamentos e operações em conjunto. As buscas pela embarcação que desapareceu foram realizadas a cerca de 900 milhas (1.450 km) da costa do estado americano de Massachusetts.

Como não havia evidência visual da implosão, autoridades disseram que teria sido irresponsável presumir que os passageiros estivessem mortos, e a buscas foram intensificadas no início da semana.

Após a Guarda Costeira dos EUA encontrar destroços no oceano, o órgão confirmou que os materiais são do submersível Titan. O estado das peças é compatível com uma perda de pressão do veículo, o que teria provocado uma "implosão catastrófica" e levado à morte os cinco passageiros a bordo.

O submersível perdeu contato com a superfície 1h45 após o início do mergulho para ver os destroços do Titanic. Ainda é cedo para falar quando exatamente ocorreu o incidente, segundo o porta-voz da Guarda Costeira, mas as equipes de resgate não detectaram implosões nas 72 horas em que estiveram no mar.

Estavam no Titan o empresário americano Stockton Rush, 61, dono da OceanGate e piloto do veículo, o bilionário britânico Hamish Harding, 58, presidente-executivo da empresa Action Aviation, o empresário paquistanês Shahzada Dawood, 48, vice-presidente do conglomerado Engro, e seu filho Suleman Dawood, 19, além do francês Paul-Henri Nargeolet, 77, mergulhador especialista no Titanic.

A OceanGate, empresa que operava o submarino, chegou a ser alertada por especialistas independentes sobre possíveis falhas em seus modelos, mas rebateu as críticas alegando que estava inovando na área.

Guillermo Söhnlein, cofundador da OceanGate, alegou nesta sexta que a companhia tinha a segurança em primeiro lugar, a despeito das acusações de que havia ignorado alertas. "Ele [Rush] era extremamente comprometido [com a segurança]", afirmou à emissora britânica Times Radio. "Ele também era diligente na gestão de riscos e consciente dos perigos de operar em um ambiente oceânico profundo."

Söhnlein, que diz não ter participado da concepção do Titan, acrescentou ser cedo para apontar o que aconteceu com o veículo ou para estabelecer novas regras no setor. "Assim como na exploração espacial, a melhor maneira de preservar os legados dos exploradores é conduzir uma investigação, descobrir o que deu errado, tirar as lições e seguir em frente", disse. Já a organização Titanic International, que trabalha para preservar a história do transatlântico, pediu o fim de expedições turísticas ao local do naufrágio.

Submersíveis como o Titan usualmente têm uma escotilha que abre tanto do lado de dentro quanto do lado de fora. Não está claro, porém, se o veículo operado pela OceanGate funcionava dessa maneira.

Essa não foi a única característica do Titan que chamou a atenção. O submersível era dirigido por um controle semelhante ao de videogames, e seu interior era apertado e simples, com três monitores, um botão, uma janela pequena e um banheiro improvisado.

A empresa americana cobrou US$ 250 mil (R$ 1,2 milhão) por uma vaga na expedição de oito dias para ver os restos do Titanic, que afundou em sua viagem inaugural após bater num iceberg, em 1912. Os destroços do transatlântico, cuja tragédia matou mais de 1.500 pessoas, estão 1.450 km a leste de Cape Cod, no estado americano de Massachusetts, e 640 km ao sul de St. John, no Canadá.

Enquanto as investigações para apurar as causas do incidente continuam, familiares das vítimas lidam com o luto. Em nota, parentes do britânico Hamish Harding disseram que ele era um "explorador apaixonado", um "marido que amava a esposa" e um "pai dedicado aos dois filhos". Já a família dos paquistaneses Dawood e Suleman manifestaram "profunda tristeza" com o ocorrido.

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