Motivada pela presença na reunião da cúpula da Otan nesta semana, a turnê europeia do presidente dos EUA, Joe Biden, começou com uma parada naquele que é o aliado mais tradicional de seu país no continente, o Reino Unido. Na manhã desta segunda (10), o americano se reuniu tanto com o monarca britânico, o rei Charles 3º, quanto com o primeiro-ministro Rishi Sunak.
O primeiro encontro é o mais representativo —embora Biden tenha comparecido ao funeral da rainha Elizabeth em setembro passado, ele não foi à coroação de Charles em maio, em obediência a uma longa tradição de presidentes dos Estados Unidos. Esta foi, portanto, a primeira reunião entre o presidente de 80 anos e o monarca de 74 desde que este assumiu oficialmente a coroa.
O encontro se deu no castelo de Windsor, onde Biden foi recebido com uma parada militar e o tradicional chá britânico. As honrarias antecederam um evento sobre o combate à crise climática do qual ainda participariam o enviado especial do governo dos EUA para o clima, John Kerry, o ministro de Segurança Energética e Carbono Zero do Reino Unido, Grant Shapps, além de empresários e filantropos.
O objetivo era discutir formas de incentivar empresas privadas a reduzir a emissão de carbono em países em desenvolvimento —ambiente é um tema caro a Charles e também foi uma pauta na campanha do democrata à Casa Branca.
Já a reunião com Sunak foi minimizada por ambos os lados, apesar de marcar a primeira vez em que Biden esteve em Downing Street, a sede do governo britânico, em Londres. Nos cerca de 45 minutos em que estiveram juntos antes de o americano ir para Windsor, os dois líderes —que já haviam se encontrado pessoalmente cinco vezes antes— intercalaram goles de chá enquanto buscavam alinhar suas posições sobre a Guerra da Ucrânia na véspera da reunião da cúpula da Otan.
A expectativa é que ambos peçam cautela em relação à campanha cada vez mais agressiva do presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, para integrar a aliança. Embora seus membros sejam aliados de primeira hora do país invadido, tendo enviado equipamentos militares e fundos sem os quais Kiev provavelmente já teria perdido a guerra, o regramento do grupo impede a adesão de uma nação em conflito.
Afinal, o ataque a um integrante da aliança significa que todos têm que defendê-lo —levando a uma Terceira Guerra Mundial na prática. Ou, nas palavras do próprio Biden, ditas durante uma entrevista após sua chegada a Londres no domingo, "estaríamos em guerra contra a Rússia".
Mesmo assim, Kiev espera que a cúpula dê um sinal claro de que em algum momento poderá se unir ao grupo. Sob condição de anonimato, uma pessoa ligada à Otan afirmou à AFP nesta segunda que pode ser que os desejos de Zelenski sejam atendidos, uma vez que a aliança estaria disposta a isentar a Ucrânia do Plano de Ação para a Adesão.
Mas o país, que ocupa o segundo lugar no ranking dos mais corruptos do continente, atrás da Rússia, ainda teria que realizar uma série de reformas antes de sua integração.
Biden ainda viaja à Finlândia, mais novo membro da aliança e responsável por mais que dobrar a fronteira da Otan com a Rússia, depois de comparecer à cúpula do clube militar.
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