Ex-primeira-dama Melania Trump fica às margens da campanha do marido

Pessoas próximas afirmam que esposa de Donald Trump quer privacidade e negam que ela esteja indiferente às eleições

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Lisa Lerer Katie Rogers
The New York Times

Desde que deixou a Casa Branca, o mundo de Melania Trump ficou menor. Exatamente como ela gosta.

Enclausurada atrás dos portões de suas três casas, ela mantém um pequeno círculo próximo —seu filho, seus pais idosos e alguns velhos amigos. Visita cabeleireiros, consulta o estilista Hervé Pierre e, às vezes, encontra-se com o marido para um jantar de sexta em seus clubes. Mas sua missão mais importante é uma campanha pessoal: ajudar seu filho, Barron, 17, a encontrar uma faculdade.

O que ela não fez foi aparecer na campanha eleitoral. Tampouco esteve ao lado dele em suas aparições nos tribunais americanos. Esses são os dias de Melania Trump, ex-primeira-dama e esposa de uma das figuras mais polêmicas da vida pública dos EUA. Ao contrário de suas antecessoras, ela não tem planos para uma turnê de palestras, um livro ou uma expansão de suas iniciativas beneficentes, a maioria das quais, segundo pessoas próximas, não é totalmente visível ao público.

A ex-primeira-dama Melania Trump durante funeral de Ivana Trump, ex-esposa de seu atual marido, em Nova York
A ex-primeira-dama Melania Trump durante funeral de Ivana Trump, ex-esposa de seu atual marido, em Nova York - Jeenah Moon - 20.jun.22/Reuters

Em sua vida pós-presidencial, ela quer o que não conseguiu na Casa Branca: privacidade. Esses esforços para se afastar da vida pública foram complicados por seu marido. Enquanto Donald Trump enfrenta uma possível terceira acusação, ela permaneceu em silêncio.

Embora apoie a candidatura, Melania não apareceu nas viagens desde que Trump anunciou a campanha, em novembro, nem disse uma palavra em público sobre até maio, quando o apoiou numa entrevista à Fox News Digital. "Esperamos restaurar a esperança para o futuro e liderar os EUA com amor e força."

A ausência marca uma diferença notável para a primeira eleição de Trump, quando Melania, de vestido branco, desceu a escada rolante dourada na frente do marido ao lançar a campanha, na Trump Tower.

Ela mantém contato e é amiga de um pequeno grupo de pessoas de seu tempo na Casa Branca, incluindo a estilista Rachel Roy e Hilary Geary Ross, filantropa de Palm Beach e esposa de Wilbur L. Ross, ex-secretário de Comércio de Trump. Ela permanece especialmente próxima de seus pais, que têm um apartamento na Trump Tower em Manhattan e foram vistos em eventos em Mar-a-Lago.

"Do ponto de vista dela e de seus amigos, ela passou por muita coisa e se tornou uma mulher forte e independente", diz R. Couri Hay, publicitária que era conhecida de Melania Trump em Nova York antes de ela ir para Washington. "Não a vemos muito, não a ouvimos muito."

Melania Trump recusou um pedido de entrevista. Esta reportagem é baseada em uma dúzia de entrevistas com assessores de campanha e amigos, a maioria dos quais falou sob a condição de anonimato.

Pessoas próximas à família dizem que a falta de apoio público de Melania não deve ser confundida com reprovação ou indiferença. Ela permanece na defensiva, compartilhando a crença do marido de que sua família foi atacada injustamente. Com desconfiança da grande mídia tradicional, ela é uma ávida leitora do tabloide britânico conservador Daily Mail, no qual acompanha a cobertura de Trump.

Melania é especialmente cética em relação ao caso de E. Jean Carroll, que ganhou US$ 5 milhões de indenização num julgamento acusando Trump de abuso sexual na década de 1990 e difamação depois que ele deixou a Casa Branca. Quando Melania viu a cobertura do depoimento de seu marido no caso, ficou furiosa com sua equipe jurídica por não fazer mais para levantar objeções. Questionou, em particular, por que Carroll não conseguia se lembrar da data exata da suposta agressão.

Ainda assim, Melania diz acreditar que, apesar do perigo legal, Trump pode retornar à Casa Branca no próximo ano. Ela expressou curiosidade sobre Casey DeSantis, mulher do principal rival de Trump, o governador Ron DeSantis, da Flórida. Casey é uma conselheira próxima de seu marido e uma presença frequente em seus eventos e começou a fazer campanha para ele por conta própria. Em uma de suas raras entrevistas, Melania Trump falou à Fox News sobre ter uma segunda chance de ser primeira-dama, dizendo que "priorizaria o bem-estar e o desenvolvimento das crianças" se reassumisse o papel.

Mas ela ainda não priorizou a campanha. Embora tenha expressado vontade de fazer eventos para o marido, recusou os pedidos para acompanhá-lo nos palanques. "Não será nada parecido com o que vimos com Casey DeSantis", diz Stephanie Grisham, ex-assessora de Trump que renunciou em 6 de janeiro.

Kellyanne Conway, antiga conselheira de Trump que também é próxima de Melania, disse que a ex-primeira-dama está "totalmente dedicada" à candidatura do marido e segue sendo sua "conselheira mais confiável e transparente". Os Trump, disse, discutiram "prioridades" para um segundo mandato.

"Conheço poucas pessoas tão confortáveis na própria pele quanto Melania Trump", afirma Conway, que não está trabalhando na campanha. "Ela sabe quem ela é e mantém suas prioridades sob controle. Melania os mantém adivinhando, e eles continuam adivinhando errado."

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves 

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