Descrição de chapéu África União Europeia

Militares do Níger afirmam ter deposto presidente e fecham fronteiras do país

Anúncio encerra dia que começou com detenção de Mohamed Bazoum, ação condenada por países africanos, Europa e EUA

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Niamei (Níger) | AFP e Reuters

Militares do Níger, país do Sahel africano, disseram ter deposto o presidente Mohamed Bazoum nesta quarta-feira (26). Eles também fecharam as fronteiras nacionais e declararam toque de recolher em um anúncio feito na TV, num movimento que se desenha como mais um golpe de Estado na região.

No pronunciamento, o coronel Amadou Abdramane, cercado por nove oficiais, afirma que a decisão foi tomada para "colocar um ponto final no regime que deteriorou a segurança nacional devido à má gestão".

Militares no Níger, com Amadou Adramane à frente, fazem pronunciamento em rede nacional de TV para anunciar que depuseram o presidente
Militares no Níger, com Amadou Adramane à frente, fazem pronunciamento em rede nacional de TV para anunciar que depuseram o presidente - Divulgação via Reuters

Membros da Guarda Presidencial mantêm Bazoum no palácio na capital Niamei desde a manhã, enquanto líderes regionais organizam uma missão para tentar impedir o golpe. A ação foi condenada por países africanos, União Europeia e Estados Unidos e seguida de tentativas de negociação pela libertação do líder.

A Cedeao (Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental) expressou "espanto e preocupação", e a União Africana pediu o "retorno imediato e incondicional dos militares traidores aos quartéis".

O chefe da diplomacia da UE, o espanhol Josep Borrell, afirmou que o bloco condena "qualquer tentativa de desestabilizar a democracia e ameaçar a estabilização do Níger". Já o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, afirmou que os EUA pediram aos membros da Guarda Presidencial que libertem Bazoum e "se abstenham de toda violência".

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, ligou para Bazoum e "transmitiu o apoio inabalável dos EUA". Ele também "sublinhou que a forte parceria econômica e de segurança depende da continuação da governança democrática e do respeito ao Estado de Direito e aos direitos humanos".

O presidente do Benin, Patrice Talon, viajará a Niamei para tentar mediar o diálogo entre a guarda e Bazoum. "Todos os meios serão usados, se necessário, para restaurar a ordem constitucional no Níger, mas o ideal seria que tudo fosse feito em paz", disse ele após se reunir com o líder nigeriano, Bola Tinubu.

No início do dia, a Presidência do Níger divulgou comunicado nas redes sociais —posteriormente excluído— dizendo que os soldados haviam iniciado um movimento "antirrepublicano". A nota também afirmava que o Exército do país estava pronto para agir se os guardas se recusassem a mudar de postura. "O presidente da República e sua família estão bem", relatou a Presidência, sem fornecer mais detalhes.

No final da tarde, a guarda dispersou com tiros de advertência manifestantes favoráveis ao líder. Eles tentavam se aproximar do palácio da Presidência, onde o governante está detido.

O presidente do Níger, Mohamed Bazoum, discursa durante encontro em Lagos, na Nigéria - Temilade Adelaja - 22.mai.23/Reuters

Desde que o Níger se tornou independente da França, em 1960, diversas tentativas de golpes de Estado ocorreram no país. Quatro delas foram exitosas, a última em fevereiro de 2010, quando Mamadou Tandja foi deposto. Bazoum assumiu a Presidência em abril de 2021. À época, militares tentaram tomar o palácio presidencial, mas a ordem foi restaurada, na primeira transferência de poder democrática no país.

O Níger tornou-se um aliado crucial da União Europeia contra a migração irregular da África Subsaariana. Em 2022, com a deterioração das relações com autoridades interinas do Mali, a França transferiu tropas que tinha no país para a nação hoje alvo de um golpe. Os EUA dizem ter gasto cerca de US$ 500 milhões desde 2012 para ajudar o Níger a aumentar sua segurança. Já a Alemanha anunciou em abril que integraria uma missão militar europeia de três anos para melhorar as Forças Armadas do país africano.

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