Descrição de chapéu terrorismo

Ataque terrorista do Hamas em Israel deixa ao menos 8 feridos

Incidente sucede maior incursão militar contra território da Cisjordânia ocupada em quase 20 anos

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Tel Aviv | Reuters

Um ataque terrorista em Tel Aviv deixou ao menos oito pessoas feridas nesta terça-feira (4), num episódio descrito pelo grupo islâmico radical Hamas como retaliação pela incursão de Israel a Jenin, na Cisjordânia ocupada, na véspera —a maior operação militar do tipo em quase 20 anos, com saldo de 12 mortes.

Socorristas e membros das forças de segurança de Israel cercam caminhonete usada em ataque terrorista em Tel Aviv - Amir Cohen/Reuters

O atentado ocorreu por volta das 15h na capital, 9h no horário de Brasília, no norte da cidade.

Câmeras de segurança registraram o momento em que uma caminhonete em alta velocidade avançou sobre uma calçada em frente a um centro comercial e atingiu ao menos dois pedestres.

Em seguida, o motorista, identificado pelas autoridades como o palestino Abed al-Wahab Khalaila, 20, saiu do carro pela janela, esfaqueou uma pessoa e perseguiu outras com uma faca em punho.

Khalaila foi baleado por um civil e morreu. Segundo a Agência de Segurança de Israel, ele havia entrado no país sem visto e não tinha ficha policial. Cinco das vítimas foram levadas a hospitais, e quatro delas sofreram ferimentos de moderados a graves.

"Esta ação heroica é um ato de autodefesa diante do massacre sionista em curso em Jenin, em que as forças de ocupação cometeram os crimes de assassinato, imposição de deslocamentos e destruição", disse o Hamas, grupo que controla a Faixa de Gaza e tem uma rede de combatentes na Cisjordânia.

Outro movimento fundamentalista, o Jihad Islâmico, também aplaudiu o ataque, que descreveu como "uma resposta natural da resistência ao que está havendo em Jenin".

O episódio se dá em meio a uma nova crise entre Israel e Palestina iniciada na segunda-feira (3), causada por uma invasão do campo de refugiados no norte da Cisjordânia ocupada, que mobilizou entre 1.000 e 2.000 soldados e incluiu ataques aéreos com drones.

Tropas israelenses começaram a se retirar da região na noite desta terça-feira pouco após realizarem outro ataque aéreo, desta vez ao que descreveram como um grupo de homens armados em um cemitério nos arredores de Jenin. Tel Aviv também afirmou que um soldado israelense morreu após ser ferido em campo e tratado em um hospital, mas não informou as circunstâncias da morte.

Uma operação dessa magnitude não era registrada desde a Segunda Intifada, na primeira metade da década de 2000, marcada pelo levante palestino contra autoridades israelenses e por episódios de violência que provocaram mortes dos dois lados.

"Quando Israel começou sua operação em Jenin, já sabíamos que o terrorismo se manifestaria", disse Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional israelense, ao visitar a cena do atentado. Na ocasião, ele voltou a defender que a população passe a andar armada para impedir novos ataques.

Israel argumenta que a operação, sem data para acabar, é necessária para eliminar o que caracteriza como o "ninho de vespas" que Jenin teria se tornado. Para o governo de Binyamin Netanyahu, o mais à direita da história do país, extremistas palestinos têm hoje no campo de refugiados um lugar seguro para realizar todo tipo de atividade criminosa, inclusive esforços preliminares para construção de foguetes.

O Exército de Tel Aviv diz ter bombardeado um centro de operações que supostamente serviria como ponto de comando de um grupo militante local, além de outros lugares administrados pelo mesmo movimento. Também afirma ter detido 120 suspeitos palestinos desde o início da operação, embora ressalte que cerca de 300 terroristas armados ainda estão em Jenin, muitos dos quais escondidos.

Enquanto isso, os palestinos calculam que, além dos 12 palestinos mortos nos ataques, outros cem tenham ficado feridos, 20 deles em estado grave. O vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Rub, afirmou que na noite de segunda cerca de 3.000 dos 18 mil habitantes do campo fugiram.

Os confrontos seguiam nesta terça-feira, causando preocupação entre entidades de ajuda humanitária. Vanessa Huguenin, porta-voz da ONU, afirmou que a destruição causada pelos ataques aéreos fez com que a maior parte do fornecimento de água e eletricidade do campo fosse interrompida.

Os Médicos Sem Fronteiras e a Organização Mundial da Saúde também alertaram para a dificuldade de acesso ao local —segundo a ONG, escavadeiras militares destruíram as estradas que levavam até a região, tornando praticamente impossível que ambulâncias resgatem feridos. "Os paramédicos palestinos foram obrigados a prosseguir a pé em uma área com tiroteios ativos e ataques de drones."

Na madrugada de quarta (4), ainda noite de terça no Brasil, o Exército de Israel disse que cinco foguetes foram interceptados no espaço aéreo israelense pelo sistema de defesa Iron Dome (domo de ferro). Nenhum grupo reivindicou o ataque. Em retaliação, as forças israelenses lançaram novos ataques na Faixa de Gaza. Não há relatos de feridos.

Em nota conjunta, os governos do Brasil, da Argentina e do México dizem que acompanham a operação de Israel em Jenin com consternação. Também condenam o ataque contra o território israelense. "Os governos [...] expressam condolências às famílias das vítimas e instam todas as partes envolvidas a cessar as hostilidades, a fim de evitar a escalada de violência que resulta em aumento de vítimas civis, deslocamentos populacionais e destruição da infraestrutura urbana em Jenin", diz trecho comunicado.

Balanço da agência de notícias AFP indica que, desde o início do ano, a violência relacionada ao conflito israelense-palestino matou pelo menos 187 palestinos, 25 israelenses, um ucraniano e um italiano.

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