Descrição de chapéu União Europeia refugiados

Manifestantes ferem mulher e filho de prefeito na França ao invadir sua casa durante ato

Esposa de governante de subúrbio de Paris quebrou a perna enquanto fugia de fogos de artifício lançados contra ela

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Paris | Reuters

Em mais uma noite de protestos violentos na França, manifestantes usaram um carro para invadir a
casa do prefeito de L’Hay-les-Roses, um subúrbio ao sul de Paris, ateando fogo ao veículo em seguida. No momento do ataque, por volta das 1h30 deste domingo (2), Vincent Jeanbrun estava na sede da prefeitura, mas sua esposa e seus dois filhos, de cinco e sete anos, dormiam no local.

Um policial em frente à casa do prefeito de l'Hay-les-Roses, Vincent Jeanbrun, no subúrbio de Paris - Nassim Gomri/AFP

Segundo Jeanbrun, os manifestantes lançaram ainda fogos de artifício em direção a seus familiares. Sua mulher quebrou a perna ao tentar fugir, e um de seus filhos se feriu.

"Minha casa foi atacada e minha família foi vítima de uma tentativa de assassinato. Minha determinação de proteger e servir à República é maior do que nunca. Eu não vou recuar", escreveu o político, filiado ao partido conservador Les Republicains, no Twitter.

A sede da prefeitura já havia sido alvo de ataques por várias noites desde o início da onda de protestos, no começo da semana, e o edifício havia sido cercado com arame farpado pelas forças de segurança.

A promotoria local anunciou que investigará o caso como uma tentativa de homicídio. Segundo o Ministério Público francês, os primeiros indícios são de que "o veículo foi lançado com a intenção de incendiar a casa" —ninguém havia sido preso até o início da noite em Paris, ainda tarde em Brasília.

A revolta, que tomou várias cidades do país, foi deflagrada depois que Nahel, 17, de origem argelina, foi morto pela polícia em Nanterre, município a noroeste da capital francesa, na terça-feira (27).

Na manhã do domingo, a primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, visitou a região de L’Hay-les-Roses, e chamou a violência observada nos atos ali de inaceitável. Ela se reuniria à noite com o presidente, Emmanuel Macron, e com os chefes das pastas do Interior e da Justiça para discutir a crise.

Apesar do incidente, o Ministério do Interior disse que as manifestações do sábado foram menos intensas do que as da véspera. Segundo o governo francês, 719 pessoas foram presas na noite de sábado e madrugada de domingo, menos do que as 1.311 da noite anterior, quando as detenções atingiram número recorde.

A despeito da queda, o chefe da polícia de Paris, Laurent Nunez, disse que é muito cedo para dizer que os distúrbios foram reprimidos. "Houve menos danos, mas vamos continuar mobilizados nos próximos dias. Estamos muito focados, ninguém está reivindicando vitória", declarou.

O prefeito do subúrbio de Paris L'Hay-les-Roses, Vincent Jeanbrun, que teve sua casa invadida por manifestantes, ao lado da primeira-ministra da França, Elisabeth Borne, em encontro com a imprensa - Charly Triballeau - 2.jul.23/AFP

Ao longo dos últimos dias, manifestantes incendiaram carros, saquearam lojas e atacaram prefeituras, delegacias e escolas públicas. O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, disse no sábado que cerca de 10 shoppings e 200 supermercados haviam sido atacados e saqueados durante os atos.

Já no domingo, a avó de Nahel clamou pelo fim do tumulto nacional, afirmando que os manifestantes estão usando a morte de seu neto como desculpa para causar estragos no país. Sua família quer calma, urgiu. "Estou dizendo a eles para pararem", declarou à BFM TV.

Segundo o governo francês, 719 pessoas foram presas na noite de sábado e madrugada de domingo, menos do que as 1.311 da noite anterior, quando as detenções atingiram número recorde.

Em Paris, a polícia precisou aumentar o contingente na turística avenida Champs Elysées depois que manifestantes convocaram um protesto na região. O chamado fez as lojas cobrirem suas vitrines com tapumes para evitar possíveis danos —ao menos um café teve que ser evacuado devido a confrontos entre manifestantes e policiais.

Autoridades de Paris disseram ainda que seis prédios públicos foram danificados, e cinco policiais ficaram feridos durante a noite. Cerca de 315 pessoas foram presas.

O maior ponto de conflito durante a noite foi, porém, no centro de Marselha, no sul, onde a polícia disparou gás lacrimogêneo contra os participantes dos atos.

Os distúrbios recentes são protagonizados por jovens dos chamados "quartier chaud", ou "bairros quentes" — a idade média dos detidos é de 17 anos, e alguns têm até 13, vindos de locais repletos de conjuntos de habitação social que concentram as camadas mais vulneráveis do país.

Se internamente as manifestações já balançaram o governo Macron, agora elas começam a incomodar sua diplomacia. O Consulado-Geral da China informou neste domingo que apresentou uma queixa formal às autoridades francesas depois que um ônibus que transportava turistas chineses teve as janelas quebradas na quinta (29), ferindo alguns passageiros.

O presidente francês também precisou adiar uma viagem à Alemanha marcada para este domingo. O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, disse que seu país observa os protestos com preocupação, mas que confia na capacidade do colega para resolver a crise. "Não espero que a França se torne instável, mesmo que as imagens, claro, sejam muito angustiantes", disse.

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