O Vaticano anunciou neste sábado (15) que o papa Francisco ratificou a nomeação pela China do novo bispo de Xangai, a maior diocese católica do país asiático, embora lamente o que chama de decisão unilateral contrária a um acordo histórico.
"O Santo Padre nomeou bispo de Xangai, na China continental, o monsenhor Giuseppe Shen Bin, da diocese vizinha de Haimen", informou o Vaticano em um comunicado.
Em outubro de 2022, o Vaticano e o regime comunista de Pequim renovaram por dois anos o acordo assinado em 2018 sobre a espinhosa questão da nomeação de bispos na China, em meio às tensões sobre a situação dos católicos no país.
O tratado determina que todas as indicações de bispos e padres no país asiático têm de ser reconhecidas pelo líder da Igreja Católica.
No final de novembro, porém, o Vaticano anunciou surpresa após a nomeação de um bispo em uma diocese chinesa não reconhecida pela Santa Sé, considerando que a ação violava o acordo.
Pouco depois, em um novo caso que gerou ruído, a China nomeou Shen Bin de Haimen, na província de Jiangsu, para a diocese de Xangai, sem previamente consultar o Vaticano.
O acordo do Vaticano e da China, cujo conteúdo não foi divulgado, pretende reunir os católicos chineses divididos entre as igrejas oficiais e clandestinas, dando ao papa a última palavra nas nomeações.
Em uma declaração separada divulgada neste sábado, o chefe da diplomacia do Vaticano, Pietro Parolin, justificou a decisão do papa com base em seu desejo de não piorar as relações com Pequim.
"Essas nomeações foram decididas sem a participação da Santa Sé. Esta forma de proceder não corresponde ao espírito de diálogo e colaboração estabelecido entre o Vaticano e a China", declarou.
No entanto, o papa "decidiu regularizar a anomalia canônica criada em Xangai para o bem da diocese e o melhor exercício do ministério pastoral do bispo. Isso permitirá que monsenhor Shen Bin trabalhe com maior serenidade", disse ele.
O Vaticano, enfatizou, quer que as duas partes trabalhem para prevenir situações que criem divergências e mal-entendidos e se esforcem para respeitar o princípio do consenso nas decisões que afetam os bispos.
Desde a assinatura do acordo entre o Vaticano e a China, o texto tem despertado críticas dentro da igreja. Alguns veem nele o controle do regime chinês sobre os quase 10 milhões de católicos no país, onde igrejas foram destruídas, creches religiosas foram encerradas e a restrição das liberdades religiosas segue uma questão atual.
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