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Ultradireita da Espanha contradiz previsões e perde força no Parlamento

Vox não só não alcançou poder junto ao PP como viu seu percentual de votos diminuir desde pleito passado

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São Paulo

O Vox, partido de ultradireita da Espanha, perdeu força nas eleições gerais do país neste domingo (23). Ainda que o resultado do pleito siga indefinido, a legenda foi uma das que mais perdeu assentos no Parlamento —eles foram de 52 para 33, uma diferença de 19 deputados.

A sigla chegou ao Congresso pela primeira vez nas eleições passadas, em 2019. Então, obteve 15,21% do total de votos. No pleito deste ano, esse percentual caiu para 12,39%. Mesmo assim, o partido deve seguir com a terceira maior bancada do Parlamento.

Homem branco de meia-idade com terno cinza em púlpito com outros homens ao fundo
O presidente do Vox, Santiago Abascal, discursa na sede do partido em Madri durante apuração dos votos das eleições gerais da Espanha - Vincent West/Reuters

Pesquisas apontavam que o Vox, conhecido por suas posições anti-imigração e anti-direitos LGBTQIA+, tinha grandes chances de chegar ao poder na Espanha, atuando como aliado minoritário em uma coalizão com o Partido Popular (PP), da direita convencional. O PP, aliás, foi a legenda que recebeu mais votos neste domingo (33,05%), somando 136 do total de 350 assentos.

Mas somando 169 cadeiras, PP e Vox ficam aquém dos 176 necessários para formar uma maioria. Tampouco está claro se a união de esquerda, formada pelo PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) do primeiro-ministro Pedro Sánchez e a coalizão Sumar, conseguirá constituir um governo com partidos menores.

Juntos, eles obtiveram 153 assentos, e outros 19 deputados de partidos nanicos declararam apoio à dupla. Isso faz com que eles precisem de apenas 4 cadeiras para conseguir formar um governo —menos do que o bloco formado por direita e ultradireita, portanto.

Caso nenhum deles consiga negociar uma maioria no Parlamento, novas eleições gerais serão convocadas.

Neste domingo (23), o líder do Vox, Santiago Abascal, lamentou que a união conservadora tenha sido incapaz de conquistar a maioria dos assentos. "Passamos a campanha inteira alertando sobre o perigo de algumas pesquisas claramente manipuladas", afirmou.

A sigla esperava repetir o bom desempenho que teve nas eleições regionais de maio, quando passou a governar dez grandes cidades do país em aliança com o PP. Sua vitória nesses lugares tem, aliás, causado arrepios nas esquerdas locais.

Na cidade de Valdemorillo, próxima a Madrid, por exemplo, uma peça baseada em "Orlando", de Virginia Woolf, foi cancelada porque as autoridades consideraram inapropriado a presença de um homem que se converte em mulher, de acordo com a companhia de teatro responsável pela montagem.

Em outra cidade, a prefeitura retirou do cinema o desenho "Lightyear" porque ele exibia um beijo entre duas mulheres. Em reação, alguns artistas espanhóis lançaram o movimento #StopCensura.

O Vox nasceu há dez anos, fundado por egressos do PP insatisfeitos com o conservadorismo "relativo" de seu partido de origem. Sua criação remete a quando a Espanha era um país bipartidarista —PP e PSOE se alternaram no poder por décadas até que, por volta de 2010, os nanicos começaram a ganhar força.

Nesse contexto, o Vox surgiu como herdeiro do ditador Francisco Franco, que reinou no país entre 1939 e 1975. Seus membros ainda lutam contra o aborto ou a eutanásia e festejam as cores da bandeira espanhola, assim como sua cultura mais tradicional, como as touradas.

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