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Em vídeo atribuído a facção, encapuzados reivindicam autoria de assassinato de Villavivencio

Nas imagens, grupo armado e sem identificação insinua que Fernando Villavicencio fez acordo com crime organizado

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São Paulo

Em vídeo que circula das redes sociais, homens encapuzados que dizem ser parte da facção criminosa Los Lobos, uma das maiores do Equador, reivindicam a autoria do assassinato do candidato à Presidência Fernando Villavicencio, morto a tiros na quarta-feira (9) após comício em Quito.

Um porta-voz do grupo lê um comunicado no qual insinua que Villavicencio fez um acordo com o crime organizado e não cumpriu supostas promessas. A autenticidade da gravação e a autoria do atentado, porém, ainda não foram confirmadas por autoridades, que investigam o caso.

Em outro vídeo compartilhado na internet, homens vestidos de branco e com o rosto à mostra que parecem estar num presídio afirmam ser integrantes do Los Lobos e negam a veracidade do primeiro vídeo. Questionado, o governo do Equador disse não ter resposta sobre a autenticidade das gravações.

Grupo de pessoas armadas e encapuzadas reivindica assassinato de candidato no Equador
Grupo de pessoas armadas e encapuzadas reivindica assassinato de candidato no Equador - Reprodução

No primeiro vídeo, o porta-voz, rodeado de outros criminosos vestidos de preto e com máscaras cobrindo os rostos enquanto exibem armas de fogo. "Queremos deixar bem claro para toda a nação equatoriana que, a cada vez que os políticos corruptos não cumprirem as promessas que estabelecemos quando recebem nosso dinheiro —e são milhões de dólares— para financiar suas campanhas, eles serão dispensados."

Ele diz ainda que a organização criminosa pode realizar novos ataques e faz ameaças ao empresário Jan Topic, outro candidato na disputa à Presidência e sexto colocado numa pesquisa de intenção de votos divulgada no mês passado pelo instituto Cedatos, com 4,4% da preferência dos eleitores. "Você também, Jan Topic, [...] mantenha sua palavra. Se você não cumprir suas promessas, você será o próximo."

Os Lobos fazem parte da "nova geração" de gangues no Equador, com cerca de 8.000 membros, segundo o observatório InSight Crime. O grupo tem envolvimento com o tráfico internacional de cocaína e cresceu a partir da derrocada da facção Los Choneros, que teria ameaçado Villavicencio há uma semana, segundo ele contou em uma entrevista.

Horas após o assassinato, o presidente do Equador, Guillermo Lasso, decretou estado de exceção em todo o país. A medida, segundo o governo, visa a garantir a segurança da eleição, prevista para 20 de agosto.

"As Forças Armadas, a partir deste momento, mobilizam-se em todo o território nacional para garantir a segurança dos cidadãos, a tranquilidade do país e as eleições livres e democráticas em 20 de agosto", disse Lasso, na madrugada desta quinta-feira, em discurso transmitido no YouTube.

Autoridades do país se reuniram em caráter de urgência na sede do governo após o ataque, que ainda deixou pelo menos nove feridos, incluindo uma candidata ao Parlamento e dois policiais. De acordo com Lasso, o estado de exceção será válido por 60 dias e permitirá a presença dos militares nas ruas.

Antes visto como pacífico, o Equador, entre o Peru e a Colômbia, grandes produtores de cocaína, tem portos no oceano Pacífico que atraem criminosos pelo potencial de escoamento da produção. O tema tem povoado a campanha presidencial, com candidatos apostando na retórica contra a criminalidade.

Da província de Chimborazo, Villavicencio foi funcionário e sindicalista da estatal Petroecuador e também trabalhou como jornalista. Na função, denunciou corrupção e perdas financeiras em contratos do setor. Durante a campanha, apontou ao menos três ameaças feitas por criminosos do grupo Los Choneros.

Erramos: o texto foi alterado

O título e o corpo da reportagem foram alterados porque ainda não é possível confirmar a autenticidade dos vídeos da suposta facção.

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