Lula e Biden se encontrarão à margem da Assembleia-Geral da ONU

Presidente brasileiro quer discutir com líder americano mudanças no Conselho de Segurança

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São Paulo e Brasília | Reuters e AFP

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse nesta terça-feira (28) que quer discutir com seu homólogo americano, o democrata Joe Biden, a possibilidade de mudanças no Conselho de Segurança das Nações Unidas, uma pauta histórica da diplomacia brasileira.

O encontro, segundo a Bloomberg, ocorrerá à margem da Assembleia-Geral da ONU, entre 19 e 23 de setembro, em Nova York. Há muito o Brasil faz campanha para obter uma cadeira no órgão, responsável pela segurança internacional e composto por cinco membros permanentes com direito a veto —EUA, China, Rússia, Reino Unido e França— e dez rotativos, eleitos para mandatos de dois anos cada um.

O presidente Lula visita seu homólogo americano, Joe Biden, em Washington - Sarah Silbiger - 10.fev.23/via Reuters

A conversa deve acontecer em um momento de divergências entre os países, a despeito do bom relacionamento entre os dois líderes. Na semana passada, o Brics, bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, admitiu mais cinco países: Argentina, Etiópia, Egito, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, e Irã —os três últimos, adversários históricos de Washington.

Durante a cúpula do grupo, em Joanesburgo, Lula pediu aos líderes dos outros sócios do Brics apoio à entrada de mais países no conselho como membros permanentes. O petista disse ainda que o órgão deve refletir o cenário geopolítico atual, não o da década de 1940, e sugeriu que nações como Brasil, Índia, Alemanha, Japão e África do Sul deveriam se tornar membros permanentes.

No último dia 16, Lula e Biden conversaram por telefone durante cerca de 30 minutos. Os presidentes falaram sobre combate à crise climática, proteção da Amazônia e planos conjuntos para promover os direitos dos trabalhadores, de acordo com o Palácio do Planalto e a Casa Branca.

Segundo a nota de Brasília, os dois líderes discutiram uma iniciativa conjunta para garantir empregos de qualidade na economia do século 21 —ideia que pretendem apresentar na Assembleia-Geral da ONU.

"É a primeira vez que trato com um presidente interessado nos trabalhadores", disse Lula na ocasião, segundo nota oficial. "Suas políticas e discursos sobre o mundo do trabalho soam como música para os meus ouvidos, e juntos poderemos inspirar outros governantes a olhar para questões dos trabalhadores."

Biden e Lula já tiveram uma reunião em fevereiro, quando o brasileiro foi a Washington pouco depois de tomar posse. Na ocasião, o clima também foi um dos principais itens da pauta. Dois meses depois, em abril, o americano anunciou a intenção de injetar mais US$ 500 milhões no Fundo Amazônia.

A relação entre os países, porém, ficou mais tensa após declarações do petista sobre a Guerra da Ucrânia —a Casa Branca chegou a chamar a postura brasileira de "repetição da propaganda russa e chinesa".

Pouco antes, Lula havia afirmado que os EUA e a Europa prolongam a guerra, numa referência velada ao envio de armamentos a Kiev. "Putin não toma a iniciativa de parar. [Volodimir] Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação desta guerra", disse.

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