Polônia prende homem da Belarus suspeito de integrar rede de espionagem russa

Varsóvia alega ter se tornado alvo de espiões por ser centro de suprimentos militares; 16 pessoas já foram detidas

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Varsóvia | Reuters

Forças de segurança da Polônia prenderam um homem da Belarus suspeito de participar de uma rede de espionagem russa no país, aumentando para 16 o número de detidos durante investigação sobre o tema, afirmou nesta sexta-feira (4) o ministro do Interior polonês, Mariusz Kaminski.

Em publicação nas redes sociais, Kaminski disse que a Agência de Segurança Interna (ABW, na sigla em polonês) deteve o belarusso identificado como Mikhail A. Ele é acusado de envolvimento em operações para reconhecer instalações militares e portos na Polônia, além de ter participado de atividades de propaganda para a Rússia.

Presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, aperta a mão do presidente da Polônia, Andrzei Duda
O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski (à dir.), junto ao presidente polonês, Andrzei Duda, em Lutsk, na Ucrânia - Alina Smutko - 9.jul.23/Reuters

O governo polonês afirmou que o homem chegou ao país em 2021, após passar vários anos na Rússia, onde cumpriu uma pena de seis anos na prisão. "As evidências sugerem que ele foi pago regularmente para executar tarefas destinadas a minar a segurança interna e externa da Polônia", diz comunicado.

Ao ser acusado de participar de atividades de espionagem, acrescenta o texto, o belarusso se declarou parcialmente culpado. Um tribunal decidiu que ele deve permanecer sob custódia por ao menos três meses, mas o prazo poderá ser prorrogado.

"A ABW continua investigando detalhes das atividades da rede de espionagem para identificar todos os indivíduos ligados ao grupo. Portanto, não descarta a possibilidade de novas prisões", diz trecho do texto.

Crítica ferrenha da invasão russa à Ucrânia, a Polônia alega ter se tornado um dos principais alvos de espiões russos por ser um centro de suprimentos militares do Ocidente. Nos últimos dias, as tensões aumentaram com a chegada de mercenários do Grupo Wagner à Belarus, aliada da Rússia, após o motim fracassado contra membros do governo Vladimir Putin em junho.

O ditador da Belarus, Aleksandr Lukachenko, já provocou o vizinho ao dizer que estava "contendo" os membros do Wagner, em tese presentes para treinar seu Exército, pois queriam "passear em Varsóvia".

A crise voltou a aumentar na última terça (1º), quando autoridades polonesas acusaram a Belarus de ter invadido seu espaço aéreo com dois helicópteros. Como reação, Varsóvia afirmou que enviaria mais tropas para a fronteira entre os países, já reforçada desde que Minsk passou a abrigar os mercenários.

O Ministério da Defesa belarusso disse que as acusações de violação do espaço aéreo foram exageradas e usadas para "justificar o envio de mais forças para a fronteira".

Em junho, Lukachenko disse que a Rússia havia enviado armas nucleares táticas ao país, em movimento que alarmou a Otan, a aliança militar ocidental cuja Polônia faz parte. Em resposta, Varsóvia pediu aos EUA que estacionem armas semelhantes em seu território. Autoridades polonesas ainda projetam gastar 4% do PIB do país com defesa neste ano, um dos maiores níveis entre os países europeus.

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