Suprema Corte dos EUA registra novo recorde negativo de aprovação

Avaliação depende de afiliação partidária; enquanto 62% dos republicanos apoiam tribunal, só 17% dos democratas o fazem

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Washington

Menos da metade dos americanos aprova a atuação da Suprema Corte do país, mostrou uma pesquisa de opinião da Gallup divulgada nesta quarta-feira (2). A satisfação de 40% com o tribunal sucede um período em que várias de suas decisões causaram polêmica, como a proibição do uso de raça como critério para admissão por universidades, o bloqueio do programa do presidente Joe Biden para perdoar dívidas estudantis e a permissão para que empresários se neguem a atender clientes LGBTQIA+.

A sondagem, realizada entre 3 e 17 de julho, renova o recorde negativo de aprovação da corte, registrado há cerca de um ano. Boa parte dessa avaliação se deve ao recuo no entendimento de que o aborto é um direito constitucional, em junho de 2022 –desde então, o índice de satisfação com o tribunal entre os americanos despencou nove pontos percentuais, para 40%, oscilando nesse patamar desde então.

Manifestantes pró-aborto protestam em frente à Suprema Corte dos EUA, em Washington, no aniversário de 1 ano da decisão do tribunal que mudou o entendimento sobre o procedimento no país
Manifestantes pró-aborto protestam em frente à Suprema Corte dos EUA, em Washington, no aniversário de 1 ano da decisão do tribunal que mudou o entendimento sobre o procedimento no país - Andrew Caballero-Reynolds - 24.jun.23/AFP

Como é de se esperar, os índices variam bruscamente conforme a afiliação partidária: enquanto 62% dos republicanos aprovam a Suprema Corte, apenas 17% dos democratas têm opinião semelhante. Entre independentes, que não se identificam com nenhuma legenda, o índice é de 41%.

A polarização é também uma inversão da tendência observada entre 2009 e 2016, quando a avaliação da corte era, em geral, mais positiva entre democratas –em 2015, essa distância chegou a 58 pontos, logo após o tribunal legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo e validar o Obamacare, programa da gestão Obama voltada para a saúde que foi alvo de ataques e tentativas de derrubada por republicanos.

O recorde na disparidade de avaliação, porém, ocorreu logo após a decisão sobre o aborto, com uma diferença de 61 pontos percentuais. A Suprema Corte é, grosso modo, o equivalente americano ao STF (Supremo Tribunal Federal) brasileiro. Em ambos os casos, os juízes são indicados pelo presidente.

Hoje, a corte dos EUA se divide entre seis magistrados de viés conservador, todos nomeados por republicanos que chefiaram a Casa Branca, e três de tendência progressista, indicados por democratas.

Assim como a aprovação, a confiança na instituição também vem caindo. A pesquisa mais recente da Gallup sobre o tema, divulgada no ano passado, mostra que 47% dos entrevistados afirmam confiar na Suprema Corte –um percentual baixo se comparado ao índice histórico de 60% de confiança.

Até aqui, Biden tem evitado bater de frente com o tribunal e usar a cartilha do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o STF. O democrata argumenta que isso pode minar a instituição e, assim, afastou ideias propostas por democratas como a de expandir o número de juízes para diluir a influência conservadora.

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