Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Base na Crimeia é bombardeada, e região é alvo de ciberataque, diz Rússia

Pelo menos um militar desapareceu na ofensiva atribuída à Ucrânia, segundo governo local

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Moscou | AFP e Reuters

Um quartel-general da Marinha da Rússia foi bombardeado nesta sexta-feira (22) em um porto no mar Negro, região que se tornou um dos focos da Guerra da Ucrânia após a saída de Moscou do acordo que permitia a Kiev exportar seus grãos. Horas depois, instalações russas locais foram alvo de um ataque cibernético descrito como "sem precedentes".

Segundo o Kremlin, pelo menos um militar desapareceu após o quartel-general ser atingido por um míssil em Sebastopol. A cidade é onde a frota russa do mar Negro se baseia na Crimeia, península anexada por Vladimir Putin em 2014. Outros cinco mísseis disparados contra o local teriam sido interceptados.

Militar avalia danos em área industrial de Kiev após ataque com mísseis atribuído à Rússia
Militar avalia danos em área industrial de Kiev após ataque com mísseis atribuído à Rússia - Serguei Supinski - 21.set.23/AFP

Trata-se de um dos mais ousados ataques contra a Crimeia ocupada feito pela Ucrânia, que enfrenta dificuldades em sua contraofensiva nos territórios ocupados. Há dez dias, os ucranianos promoveram o maior ataque com mísseis contra alvos russos na região —na ocasião, dez mísseis de cruzeiro e três drones marítimos feriram ao menos 24 pessoas em Sebastopol e danificaram duas embarcações, além de estaleiros.

O governador local, Mikhail Razvojaiev, minimizou a ação desta sexta ao dizer que novos ataques não eram esperados e que não houve danos à infraestrutura civil. Ao mesmo tempo, porém, moradores de Sebastopol relataram ter sido orientados a evitar o centro da cidade, onde está localizado o edifício da Marinha. Dezenas de bombeiros foram enviados ao local, e várias estradas foram fechadas.

"Peço que mantenham a calma e não publiquem fotos ou vídeos", disse Razvojaiev, alegando que a divulgação dos conteúdos pode ser explorada pela inteligência ucraniana. "Se ouvirem sirenes, dirijam-se aos abrigos", acrescentou.

Horas depois, a Crimeia foi atingida por um ataque cibernético descrito pelas autoridades russas alocadas na península como "sem precedentes". Oleg Kriuchkov, conselheiro do governo local, escreveu no aplicativo de mensagens Telegram que a perda de sinal estava sendo corrigida, mas não especificou quantas pessoas foram impactadas ou se a ação estava de alguma forma relacionada com o bombardeio ao quartel-general.

Os ataques ocorrem num momento em que Kiev sofre pressão de seus aliados devido aos resultados tímidos que sua contraofensiva iniciada em junho obteve até agora. O presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, foi a Washington pedir mais armas e dinheiro ao governo americano esta semana, mas se deparou com um clima muito menos hospitaleiro do que o encontrado em sua primeira passagem pela capital americana, no ano passado.

Zelenski teve de responder a cobranças de seus anfitriões, apelar para congressistas liberarem mais dinheiro a Kiev, e tentar convencer seu homólogo americano, Joe Biden, a enviar não só um volume maior de armas como equipamentos mais potentes —sem sucesso. Em dezembro passado, ele havia discursado no Capitólio, honra reservada a poucos líderes estrangeiros, e voltou à Ucrânia munido do Patriot, um sofisticado sistema de defesa antiaéreo, além de mísseis de cruzeiro e balísticos.

Desde a invasão russa, os EUA já forneceram cerca de US$ 47 bilhões (R$ 231 bilhões) em ajuda militar à Ucrânia, de acordo com o conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan. O montante é criticado por opositores de Biden, que argumentam que esses recursos seriam melhor utilizados em investimentos domésticos.

Não foi a única notícia ruim que Zelenski recebeu nesta semana. Nesta quarta-feira (20), a Polônia anunciou que deixará de enviar armas para a Ucrânia. Segundo o Instituto para Economia Mundial de Kiel (Alemanha), Varsóvia era a sexta maior fornecedora de ajuda militar a Kiev desde a invasão de fevereiro de 2022.

A decisão polonesa motivou protestos em Kiev. Enquanto isso, as forças russas voltaram a atacar a rede energética da Ucrânia após uma pausa de seis meses, gerando temores de que uma nova onda de ações destinadas a deixar o país no escuro a poucos meses do inverno no Hemisfério Norte tenha começado.

Foi esse o entendimento do premiê ucraniano, Denis Chmigal, ao menos. "A fase de terror energético já começou", disse ele. Também nesta sexta, ataques com drones atribuídos à Rússia foram registrados no leste da Ucrânia e na região de Kiev.

A visita de Zelenski a Washington ocorreu após sua passagem por Nova York, onde estreou como líder de um país em guerra na Assembleia-Geral da ONU. Na quarta, ele teve uma reunião bilateral com o presidente Lula (PT), onde ambos conversaram sobre esforços para promover a paz e reforma do Conselho de Segurança do fórum multilateral.

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