Descrição de chapéu violência terrorismo

Explosões no Paquistão matam ao menos 57 pessoas e ferem mais de 60

Atentados ocorreram perto de mesquitas em que fiéis celebravam aniversário do profeta Maomé

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

São Paulo

Dois atentados suicidas no Paquistão mataram pelo menos 57 pessoas, incluindo sete crianças, e feriram mais de 60, nesta sexta-feira (29), durante celebração religiosa do aniversário do profeta Maomé, segundo autoridades locais.

Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pelos atentados, que ocorreram próximos da fronteira com o Afeganistão. Os ataques disparam novos alertas às autoridades antes das eleições nacionais, que estão marcadas para janeiro —o Paquistão vem registrando aumento de ações extremistas nos últimos meses.

Homem ferido em maca é transportado, outra maca é levada
Voluntários carregam vítimas de bomba em Quetta, no Paquistão - AFP

O primeiro ataque, na província do Baluchistão, matou 52 pessoas na região de Mastung, segundo o oficial distrital de saúde, Abdul Rasheed. "O homem-bomba se detonou perto de um veículo da polícia e da mesquita Madina no momento em que as pessoas se reuniam para uma procissão", disse o porta-voz da polícia Munir Ahmed.

Horas depois, a segunda explosão, na província vizinha de Khyber Pakhtunkhwa, matou mais cinco pessoas. Uma mesquita na cidade de Hangu também foi atingida, e seu telhado desabou, segundo a imprensa local. Autoridades disseram que de 30 a 40 pessoas ficaram presas sob os escombros.

As duas regiões registraram nos últimos anos ataques coordenados por extremistas que tentam derrubar o governo do Paquistão e instalar o próprio regime com base na sharia, a lei tradicional islâmica. A instabilidade política no Baluchistão, a província menos povoada do Paquistão, é agravada ainda por grupos locais que lutam pela independência e por uma maior fatia dos recursos minerais.

A explosão no Baluchistão, porém, foi um ataque considerado raro contra civis, já que os militantes islâmicos têm como alvo principal as forças de segurança. Imagens da televisão local mostram pânico e socorristas levando dezenas de pessoas para ambulâncias.

Os hospitais da região ficaram lotados, e as autoridades recorreram às redes sociais para pedir doações de sangue. Abdul Rasheed, um oficial de saúde da região, afirma que o número de mortes pode aumentar, já que muitos dos feridos estavam em estado grave.

O Paquistão tem visto um ressurgimento de ataques de militantes islâmicos desde o ano passado, quando um cessar-fogo entre o governo e o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), uma organização guarda-chuva de vários grupos islâmicos sunitas radicais, foi rompido.

Em janeiro, mais de 90 policiais foram mortos em um atentado a uma mesquita em Peshawar —o local sagrado ficava em um complexo que abriga prédios oficiais, incluindo as sedes das forças de segurança. Meses depois, em julho, mais de 50 pessoas foram mortas em um atentado suicida na província de Khyber Pakhtunkhwa, no noroeste, durante uma reunião de um partido político religioso.

Os ataques se concentram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão, e Islamabad, inclusive, diz que algumas ofensivas são planejadas em território afegão, o que Cabul nega.

Além de enfrentar um agravamento da situação de segurança desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, o país lida com inflação e desemprego, que vêm se avolumando e podem ter levado cerca de 350 migrantes paquistaneses a morrer em um barco que naufragou em junho, em águas gregas.

O TTP negou ter realizado os atendados desta sexta. Sarfraz Bugti, o ministro do Interior, disse que as explosões foram "atos hediondos" e prometeu justiça aos familiares das vítimas. O ministro da Informação do Baluchistão, Jan Achakzai, decretou um período de luto de três dias.

Além do temor de violência, a campanha política no Paquistão é marcada por polarização e acusações de envolvimento de militares na política. As Forças Armadas negam interferência na disputa. Em novembro do ano passado, o ex-premiê Imran Khan foi baleado durante um protesto em que exigia eleições antecipadas. Ele foi afastado do cargo em 2022 após perder uma moção de desconfiança.

Com Reuters e AFP

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.