Descrição de chapéu terrorismo

Estado Islâmico assume autoria de atentado no Paquistão; mortos vão a 54

Ataque suicida a bomba atingiu multidão que acompanhava comício político; veja vídeo do momento da explosão

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São Paulo

O grupo terrorista Estado Islâmico (EI) assumiu nesta segunda-feira (31) a autoria do atentado suicida a bomba realizado em um comício no noroeste do Paquistão. Agora, segundo a polícia, o número de mortos no ataque, ocorrido na véspera, subiu para 54, e autoridades manifestaram o receio de que o saldo possa ser ainda pior, uma vez que dezenas de vítimas seguem internadas em estado grave.

A explosão atingiu centenas de pessoas que acompanhavam discursos de membros do partido Jamiat Ulema-e-Islam (JUI-F), conhecido por elos com o islamismo radical. A ação aumentou os temores de novos episódios de violência antes das eleições previstas para novembro.

Pessoas carregam caixão de vítimas do atentado a bomba na província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa, no distrito de Bajaur
Pessoas carregam caixão de vítimas do atentado a bomba na província paquistanesa de Khyber Pakhtunkhwa, no distrito de Bajaur - Khuram Parvez/Reuters

Shaukat Abbas, vice-inspetor-geral da polícia, disse que 23 dos mortos eram menores de idade. O ataque também matou Maulana Ziaullah, líder regional do JUI-F. No total, mais de 130 pessoas ficaram feridas.

O EI já havia assumido a autoria de ataques contra o JUI-F. Em 2022, por exemplo, foi responsável por ações contra estudiosos religiosos filiados à sigla, que tem uma rede de mesquitas e madrassas no país.

Um vídeo gravado momentos antes da explosão mostra centenas de homens sentados sob uma tenda enquanto dirigentes do partido discursavam à multidão. Quando um líder distrital subiu ao palco, os militantes se levantaram, gritando "Alá é grande", de acordo com Sharifullah Mamond, 19, que participava do comício, em relato ao jornal The New York Times. Então, uma explosão atingiu a multidão.

Testemunhas descreveram cenas de horror e pânico. "Vi mortos e feridos ao meu redor. Foi uma situação muito ruim. Foi como o dia do juízo final. Logo após o atentado houve caos, com pessoas correndo por todos os lados", afirmou à rede britânica BBC Imran Mahir, um dos organizadores do comício —ele estava sentado no palco no momento do ataque. "Não sei como consegui escapar."

Autoridades disseram que mais de 500 pessoas acompanhavam o evento no momento da explosão. O premiê paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou o atentado, chamando-o de ataque ao processo democrático, e prometeu investigações ágeis. A embaixada dos Estados Unidos em Islamabad e o ex-premiê Imran Khan também repudiaram a ação.

Milhares de pessoas acompanharam o enterro de algumas das vítimas na região de Bajur, nesta segunda, sob forte comoção. Nos hospitais abarrotados, dezenas de feridos continuavam recebendo atendimento nos corredores —autoridades declararam emergência de saúde no distrito.

As motivações do ataque permanecem incertas. O JUI-F é liderado pelo clérigo linha-dura e político Fazlur Rehman, que não estava no comício, realizado na província de Khyber Pakhtunkhwa. Apoiador do regime talibã no Afeganistão, ele já foi alvo de ataques anteriormente, em 2011 e 2014.

Espécie de célula afegã do Estado Islâmico, o Estado Islâmico-Khorasan, ou EI Khorasan, acusa os extremistas do Talibã de não instituir o que considera uma interpretação estrita dos princípios islâmicos.

O Paquistão tem observado um ressurgimento de ataques de militantes islâmicos desde o ano passado, quando um cessar-fogo entre o grupo Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP) e Islamabad foi rompido. No entanto, a maioria dos ataques recentes foi direcionada a forças de segurança.

Em janeiro, mais de 90 policiais foram mortos em um atentado a uma mesquita em Peshawar —o local sagrado ficava em um complexo que abriga prédios oficiais, incluindo as sedes das forças de segurança.

Os ataques se concentram nas regiões que fazem fronteira com o Afeganistão, e Islamabad, inclusive, diz que algumas ofensivas são planejadas em território afegão, o que Cabul nega.

Além de enfrentar um agravamento da situação de segurança desde que o Talibã retomou o poder no Afeganistão, o país lida com inflação e desemprego, que vêm se avolumando e podem ter levado cerca de 350 migrantes paquistaneses a morrer em um barco que naufragou em junho, em águas gregas.

Além do temor de violência, a campanha política no Paquistão é marcada por polarização e acusações de envolvimento de militares na política. As Forças Armadas negam interferência na disputa. Em novembro do ano passado, o ex-premiê Imran Khan foi baleado durante um protesto em que exigia eleições antecipadas. Ele foi afastado do cargo em 2022 após perder uma moção de desconfiança.

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