A junta militar governante do Gabão, que tomou o poder por um golpe de Estado na semana passada, nomeou um ex-líder da oposição, Raymond Ndong Sima, como primeiro-ministro do governo de transição nesta quinta-feira (7).
Sima, um economista de 68 anos, criticou abertamente o presidente Ali Bongo, que foi deposto por oficiais militares em 30 de agosto. Ele serviu como premiê de Bongo de 2012 a 2014, depois renunciou e concorreu contra ele à Presidência em 2016 e novamente como parte de uma coligação de oposição este ano.
Bongo, no poder desde 2009, sucedeu seu pai, Omar Bongo, que governou o país da África Central durante 42 anos. O governo dinástico da família criou um descontentamento generalizado, com os críticos afirmando que os Bongo pouco fizeram para partilhar a riqueza do Gabão, um país produtor de petróleo, com os seus 2,3 milhões de habitantes.
O golpe foi recebido com júbilo na capital, Libreville, e a junta agiu rapidamente para consolidar o poder, empossando o general Brice Oligui Nguema como presidente interino na última segunda-feira (4).
Oficiais do Exército leram um decreto na televisão estatal nesta quinta anunciando que Sima havia sido nomeado primeiro-ministro.
Já o presidente interino prometeu reformas econômicas e disse que organizará eleições livres e justas, embora não tenha dito quando.
Abdou Abarry, representante especial do secretário-geral da ONU na África Central, encontrou-se com Nguema em Libreville na quarta-feira (6) e lhe disse que as Nações Unidas ajudariam o país no seu recomeço.
"Assim que conhecermos o roteiro, o calendário, uma vez nomeado um governo, as nossas diferentes agências farão os contatos necessários e continuarão a apoiar o Gabão", disse ele após a reunião, em declarações transmitidas pela Gabon 24 TV.
O golpe no Gabão foi o oitavo em três anos na África Ocidental e Central, embora tenha ocorrido de forma muito diferente da mais recente tomada de poder pelo Exército, no Níger.
O Gabão não tem assistido a uma manifestação de sentimentos contra a França e a favor da Rússia, e os generais responsáveis em Libreville parecem abertos ao diálogo com organizações internacionais que os seus homólogos nigerinos têm evitado.
O bloco regional centro-africano, CEEAC, suspendeu o Gabão na segunda-feira, mas enviou o presidente da República Centro-Africana, Faustin-Archange Touadera, como seu representante para se encontrar com o presidente interino.
Touadera afirmou aos jornalistas que também se encontrou com Ali Bongo, com a permissão de Nguema. Ele não revelou quaisquer detalhes sobre as circunstâncias ou o estado de espírito de Bongo, dizendo apenas que a reunião foi frutífera.
Bongo estava em prisão domiciliar após o golpe, mas a junta afirmou em comunicado que ele agora está livre e poderia viajar ao exterior para exames médicos, se assim o desejar.
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