Aliado de Trump fracassa pela 2ª vez em votação para presidir Câmara dos EUA

Jim Jordan, que apoiou tentativas de questionar vitória de Biden, é criticado mesmo por correligionários republicanos

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São Paulo

O republicano Jim Jordan fracassou nesta quarta-feira (18) em sua segunda tentativa de assumir a presidência da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, em uma eleição organizada após seu correligionário Kevin McCarthy, que ocupava o cargo, sofrer um impeachment histórico no início de outubro.

Representante da ala ultraconservadora de seu partido e aliado do ex-presidente Donald Trump, Jordan viu o apoio desidratar ainda mais entre os republicanos em relação à primeira votação que perdeu, na terça-feira. Nesta segunda tentativa, ele obteve 199 votos na Casa —enquanto precisava de 217 para vencer. Na terça, obteve 200 votos.

O republicano Jim Jordan fala com repórteres perto de seu escritório no Capitólio, em Washington
O republicano Jim Jordan fala com repórteres perto de seu escritório no Capitólio, em Washington - Chip Somodevilla/Getty Images via AFP

Assim, a Câmara dos EUA chega a seu 16º dia sem um líder, o que deixa o Congresso de mãos atadas para responder a questões como a guerra no Oriente Médio, entre Israel e Hamas —o presidente Joe Biden esteve na região nesta quarta—, além de toda a agenda doméstica travada.

A principal questão interna é a necessidade de costurar acordos que evitem uma paralisação do governo americano —o chamado "shutdown"— pela falta de aprovação de leis orçamentárias para os gastos públicos. Em setembro, o Congresso chegou a um acordo sobre o assunto, mas estabeleceu prazo de 45 dias, que vence em novembro.

Entre a maioria que se opõe à figura de Jim Jordan —tanto democratas quanto uma parcela dos republicanos—, há uma tentativa de conferir mais poder ao republicano Patrick McHenry, da Carolina do Norte, que foi nomeado presidente interino da Casa quando McCarthy saiu.

Em teoria, seu papel ali é organizar o caminho para eleições que, como as votações destas terça e quarta, tentaram definir um novo presidente. Mas uma proposta apresentada pelo também republicano Mike Kelly tenta nomear McHenry como presidente até ao menos 17 de novembro, de modo a eliminar dúvidas de que ele poderia dirigir a Câmara.

Do lado democrata, a mensagem é de que querem Jim Jordan fora da corrida. "Queremos um caminho para um acordo bipartidário", disse o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, nesta terça-feira. "Isso não envolve Jim Jordan, que é um exemplo de extremismo republicano e um perigo para a nossa democracia."

Em peso, os democratas votaram em Jeffries, candidato que indicaram para o cargo. Mas, como partido minoritário da Casa —são 221 republicanos e 212 democratas—, não há votos suficientes para elegê-lo.

Há de seu lado, Jordan afirma que não desistirá de concorrer ao cargo. Após a votação, dirigindo-se a jornalistas, ironizou o fato de que Kevin McCarthy levou dois meses para enfim ser eleito —ele ganhou a indicação de seu partido para concorrer à Presidência da Câmara em meados de novembro passado, mas só foi eleito em 7 de janeiro deste ano, após quatro dias de um histórico impasse.

Jordan, 59, um ex-treinador de luta livre, é uma figura polêmica no Congresso americano. Mais recentemente, ficou conhecido por ter apoiado Trump em suas tentativas de desacreditar o resultado das eleições presidenciais que alçaram Joe Biden à Casa Branca.

O Comitê do 6 de Janeiro da Câmara, que investigou a invasão do Capitólio, sede do Legislativo, no início de 2021, durante a cerimônia que certificaria a vitória de Biden, afirmou em seu relatório final que Jordan foi "um ator significativo nos esforços de Trump nessa área".

"Ele participou de inúmeras reuniões com altos funcionários do governo Trump para debater estratégias sobre como questionar os resultados eleitorais, sendo a principal estratégia a de afirmar que a eleição havia sido fraudada", diz um trecho do documento.

Ele também teria liderado uma conversa, em 2 de janeiro de 2021, na qual membros do Congresso discutiram com Trump maneiras de adiar a sessão do dia 6 daquele mês para consagrar Biden.

Com Reuters e The New York Times

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