Descrição de chapéu Coreia do Norte

Coreia do Norte paralisa reator nuclear para produzir bombas, diz jornal

Kim Jong-un promete acelerar fabricação de armas para deter o que ele chamou de 'provocações' dos EUA

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Seul | Reuters

O regime da Coreia do Norte interrompeu o funcionamento do reator nuclear em seu principal complexo atômico, num indicativo de que as autoridades do país devem extrair plutônio usado em equipamentos militares de alto poder destrutivo, disse nesta quinta-feira (5) a imprensa sul-coreana.

Usina nuclear em Yongbyon, na Coreia do Norte
Usina nuclear em Yongbyon, na Coreia do Norte - Kyodo - 27.jun.08/Reuters

Segundo investigações dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, o reator nuclear no complexo de Yongbyon, no oeste da Coreia do Norte, parou de funcionar no fim de setembro. "Isso é um sinal de que o trabalho de reprocessamento está sendo feito para que seja obtido plutônio usado em armas", disse o jornal sul-coreano Donga Ilbo, mencionando fontes do governo.

O reprocessamento de barras de combustível retiradas de um reator nuclear faz parte de uma etapa que antecede a extração do plutônio. O complexo de Yongbyon é a principal fonte do metal radioativo da Coreia do Norte e, segundo especialistas, já foi usado na construção de armas nucleares.

A Coreia do Norte ainda opera instalações de enriquecimento de urânio, outra fonte de material que pode ser usado no desenvolvimento de armas nucleares. Segundo o jornal Donga Ilbo, autoridades não descartam, na Guerra Fria 2.0, a possibilidade de que o regime norte-coreano esteja preparando um novo teste atômico.

O porta-voz do Ministério da Defesa da Coreia do Sul, Jeon Ha-gyu, não comentou diretamente o caso, mas disse que as autoridades de inteligência dos EUA e da Coreia do Sul estão monitorando as movimentações do regime norte-coreano de perto. A Coreia do Norte já realizou seis testes nucleares subterrâneos e, desde o ano passado, crescem as preocupações de que o país possa repetir a atividade.

O líder do regime, Kim Jong-un, prometeu no mês passado acelerar a produção de armas nucleares para deter o que ele chamou de "provocações" feitas pelos EUA nos últimos meses. Ato contínuo, Pyongyang emendou no último dia 28 sua Constituição para consagrar a política de desenvolvimento da força nuclear.

O parlamento de fachada do país, chamado Assembleia Popular Suprema, adotou por unanimidade o item de agenda crucial para formular a política da Coreia do Norte sobre a força nuclear como lei básica do Estado, segundo a agência estatal KCNA.

Na ocasião, Kim instou os funcionários a "promover solidariedade com as nações que se opõem à estratégia de hegemonia de Washington e do Ocidente". O líder descreveu a cooperação trilateral entre os EUA, a Coreia do Sul e o Japão como a "versão asiática da Otan", a aliança militar ocidental.

Coreia do Sul e EUA firmaram neste ano um pacto de compartilhamento de estratégias nucleares para o caso de uma guerra contra Pyongyang, levando o norte comunista e o sul capitalista a atingirem seu menor nível de interações da história recente.

Tóquio e Seul ainda se comprometeram a superar diferenças históricas, em ato descrito pelo premiê japonês, Fumio Kishida, de "novo capítulo" em suas relações diplomáticas. A união dos inimigos de longa data tem um objetivo claro: apresentar uma frente unida diante das ameaças cada vez mais frequentes da Coreia do Norte e da expansão da presença da China no continente asiático.

Kim, por sua vez, foi a cidades no extremo leste russo para encontrar o presidente Vladimir Putin no mês passado, numa aproximação que foi vista com preocupação por Seul, pelo Japão e pelos EUA. O temor, reforçado por declarações dos dois líderes, é de que Moscou busque armamento convencional para aprimorar suas forças na Guerra da Ucrânia e, em troca, ofereça tecnologia aeroespacial, balística e nuclear a Pyongyang.

A emenda constitucional na Coreia do Norte foi determinada um ano após a Coreia do Norte inserir em sua legislação o direito de usar ataques nucleares preventivos como forma de proteção. No fim de agosto, o regime de Kim Jong-un lançou mísseis e simulou um ataque nuclear contra os rivais sul-coreanos.

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