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Filho de Nobel da Paz, que não vê a mãe há 8 anos, se diz 'muito orgulhoso' dela

Família da ativista iraniana Narges Mohammadi, presa política em Teerã, vive exilada em Paris

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São Paulo

Ali, 16, estava na escola, em Paris, quando recebeu no celular a notícia de que a mãe, que não vê há oito anos, havia ganhado o Prêmio Nobel da Paz 2023. "Não podia gritar na aula, mas fiquei muito feliz", disse o filho de Narges Mohammadi ao New York Times.

A ativista dos direitos humanos com atuação voltada para a agenda de gênero está detida no Irã, na prisão de Evin, que reúne dezenas de presos políticos do regime, onde cumpre pena de mais de dez anos.

O jornalista iraniano Taghi Rahmani, marido da Nobel da Paz 2023, Narges Mohammadi, discursa durante entrevista coletiva em Paris; ao seu lado, o filho do casal, Ali
O jornalista iraniano Taghi Rahmani, marido da Nobel da Paz 2023, Narges Mohammadi, discursa durante entrevista coletiva em Paris; ao seu lado, o filho do casal, Ali - Thomas Samson/AFP

Já faz um ano desde a última vez que Ali falou com a mãe. Ele vive exilado na França com o pai, Taghi Rahmani, e a irmã gêmea, Kiana.

"Estou muito orgulhoso da minha mãe", disse o adolescente depois, durante uma entrevista coletiva que concedeu com a família na capital francesa. Ele vê a láurea como "uma recompensa para o povo iraniano".

Ele descreveu a mãe como alguém gentil, determinada, "alguém que sempre vai falar a verdade, mesmo que tenha uma arma apontada para a sua cabeça". Ainda assim, lembrou que o ativismo tem um preço.

Por medo, a família se exilou na França, afinal. "Isso faz parte da 'tortura invisível' do regime", disse o Ali, "o medo é a maneira por meio da qual eles buscam desestabilizar as pessoas."

Seu pai, Rahmani, afirmou que a importância do prêmio para a esposa apenas cresce dado que esse é um momento em que o regime do Irã "avança contra ativistas de direitos humanos e tenta silenciá-los". "É muito importante que a notícia seja divulgada dentro do Irã, para que chegue a todos os presos políticos, a alma da resistência."

Ainda não está claro se Mohammadi já recebeu a notícia do prêmio —a família afirma que às sextas-feiras não pode ligar para ela, de modo que a tarefa de compartilhar a notícia ficaria para este sábado (7).

Mesmo assim, ela sabia que era uma das cotadas para o prêmio. Por isso, deixou uma carta para caso vencesse. No texto, ela afirma que ganhar o Nobel a faria "mais resiliente, determinada e esperançosa", mas reafirma que não tem planos de deixar seu país. "Seguirei meu ativismo, mesmo que permaneça o resto da minha vida na prisão."

"Continuarei lutando contra a discriminação implacável, a tirania e a opressão de gênero comandada por esse governo fundamentalista até que tenhamos a liberdade para as mulheres", afirma.

De dentro da prisão de Evin, um grupo de outros presos políticos que incluía o ex-ministro iraniano do Interior Mostafa Tajzadeh emitiu um comunicado que, segundo o New York Times, diz que a láurea a Mohammadi representa sua "paciência, resistência e resiliência na luta contra todas as formas de discriminação e injustiça".

Com AFP

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