Descrição de chapéu Guerra da Ucrânia Rússia

Finlândia suspeita de sabotagem contra gasoduto no mar Báltico

Episódio lembra explosão do Nord Stream russo em 2022; Otan promete apoio ao novo membro

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São Paulo

O governo da Finlândia afirmou nesta terça (10) que os danos a um gasoduto e um cabo submarino de comunicações entre o país e a Estônia, sob o mar Báltico, foram provavelmente resultado de uma sabotagem.

O ramal duplo, chamado Balticconnector, tem 77 km. No domingo (8), foi detectado um vazamento com a queda na pressão do gás, e as comunicações por meio do cabo paralelo foram cortadas. "É provável que os danos a ambos foi resultado de uma atividade externa. A causa não é clara ainda", afirmou o presidente finlandês, Sauli Niinisto.

Operador em estação de compressão do gasoduto Balticconector em Inkoo, na Finlândia
Operador em estação de compressão do gasoduto Balticconector em Inkoo, na Finlândia - Mikko Stig - 5.nov.2019/Lehtikuva/Reuters

O caso, ocorrido enquanto os olhos do mundo se voltavam para o ataque do Hamas contra Israel e a reação de Tel Aviv, remete imediatamente a um dos episódios mais obscuros no contexto da Guerra da Ucrânia: as explosões que destruíram 3 dos 4 ramais do sistema de gasodutos russo Nord Stream há um ano.

Uma obra muito mais importante e grandiosa, com 1.200 de ligação entre a Rússia e a Alemanha, ela está inutilizada desde então. A Rússia diz que a explosão foi causada pelos EUA e pelo Reino Unido, que negam. Com a invasão da Ucrânia, em fevereiro do ano passado, a Europa tentou reduzir sua dependência do gás natural russo, mas cerca de 15% de seu abastecimento ainda vem de Moscou.

Esse produto, ironicamente, passa pela Ucrânia, que segue recebendo a taxa de trânsito de Moscou —nos níveis anteriores à guerra, algo como R$ 15 bilhões anuais. O Nord Stream era a joia da coroa das relações russo-alemães, e visava driblar esse ramal ucraniano, mas as tensões antes da guerra e a saída de Angela Merkel do governo em Berlim no fim de 2021 congelaram a abertura do seu segundo par de ramais.

Aparentemente, o dano no sistema finlandês não é tão sério, e a sua operadora afirma que em um mês poderá ser consertado. Tanto Estônia quanto Finlândia estão com estoques grandes de gás natural, decorrência de políticas para evitar os efeitos da guerra. Já o cabo de comunicação era usada como reserva apenas.

A Finlândia aderiu à Otan em abril, dobrando a fronteira terrestre entre a aliança militar ocidental e a Rússia. Foi uma das maiores derrotas políticas de Vladimir Putin na guerra, dado que a invasão foi justificada como uma forma de impedir a entrada da Ucrânia e sua vasta área de contato com a Rússia no grupo. A Estônia, uma ex-república soviética, já é membro desde 2004.

Nesta terça, o secretário-geral da organização, o norueguês Jens Stoltenberg, afirmou que a Otan está analisando a situação e que mantém total apoio a seus integrantes. O sistema danificado passa pelo golfo da Finlândia, um pedaço do Báltico que chega até São Petersburgo, na Rússia.

O governo vizinho da Suécia, que está na fila para entrar na Otan, barrada por ora por Turquia e Hungria, ofereceu apoio para os reparos. "Apoiamos nossos colegas", afirmou o chanceler Tobias Billstrom no X (ex-Twitter).

Chefes militares renunciam na Polônia

A cinco dias da eleição parlamentar na qual o atual partido dominante no Congresso é favorito na Polônia, os dois principais comandantes militares do país renunciaram nesta terça.

O motivo não foi anunciado, mas tem a ver com as tensões crescentes entre a cúpula militar polonesa e o governo do partido Lei e Justiça. Em maio, o ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, havia acusado os generais de esconderem a informação de que um míssil russo usado em ataque na vizinha Ucrânia havia caído em seu território no fim de 2022.

No ano passado, um míssil de defesa antiaérea ucraniano também havia caído no território polonês, matando duas pessoas. O incidente levou a temores de uma escalada regional, dado que Varsóvia é um dos mais agressivos membros da Otan e está embarcada em um programa para tornar-se a principal força terrestre do continente.

Com o acirramento da campanha eleitoral, o governo polonês também se voltou contra Kiev, dizendo que não mais enviaria armas. O pano de fundo é a pressão da direita local, que acusa os ucranianos de querer inundar o mercado polonês com seus grãos e provocar desemprego.

Mas o distanciamento de governos europeus membros da Otan do país invadido tem crescido. A Hungria já disse que não apoia incondicionalmente Kiev, e a Eslováquia deu maioria em eleição na semana passada a um partido que promete romper com a ajuda à Ucrânia. Nesta terça, o vencedor Smer ganhou o apoio da terceira maior força e deverá poder compor seu governo. Só que o partido Hlas afirmou que condicionará isso à manutenção do apoio aos ucranianos.

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