Descrição de chapéu terrorismo

Sede de governo da Turquia é alvo de atentado terrorista, e Erdogan reage

Militantes curdos assumem ataque, e Ancara bombardeia áreas sob domínio do grupo no Iraque

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São Paulo

A sede do governo da Turquia foi alvo de um atentado terrorista reivindicado pelo PKK (Partido dos Trabalhadores do Curdistão) neste domingo (1º). O ataque a bomba, ocorrido momentos antes de um pronunciamento do presidente Recep Tayyip Erdogan ao Parlamento, feriu dois policiais e terminou com a morte dos dois suspeitos envolvidos.

Em resposta, Ancara destruiu 20 alvos do grupo curdo em áreas do norte do Iraque com ataques aéreos, de acordo com o Ministério da Defesa.

Agentes especiais da polícia da Turquia vigiam área próxima ao Ministério do Interior após ataque na entrada de sua sede, em Ancara - Adem Altan/AFP

Imagens de câmeras de segurança obtidas pela agência de notícias Reuters mostram um Renault cinza parando no principal portão do Ministério do Interior, próximo das sedes de outras pastas e do Legislativo turco, por volta das 9h30 do horário local (3h30 em Brasília).

Um dos ocupantes do veículo desce e avança rapidamente com uma arma na mão antes de detonar o explosivo preso a seu corpo diante de uma cabine de polícia. O outro também sai do carro, mas desaparece das imagens devido à fumaça e à poeira levantadas pelo estouro. A explosão foi tão forte que derrubou árvores do entorno e foi ouvida a vários quilômetros de distância.

O ministro do Interior, Ali Yerlikaya, informou que o segundo suspeito foi morto pelas forças de segurança depois de a bomba ser disparada. A emissora NTV relatou que a área próxima do atentado foi palco de tiroteios, e que várias viaturas policiais e ambulâncias aguardavam no local.

Fontes do governo turco disseram à Reuters que o carro usado no ataque foi roubado em Kayseri, a 260 km da capital, e seu motorista, morto. A polícia disse ter detonado de maneira controlada vários pacotes suspeitos encontrados em outras regiões de Ancara com o objetivo de evitar possíveis ataques.

A capital foi palco de uma série de atentados em meados dos anos 2010, reivindicados em sua maioria por militantes curdos e pelo Estado Islâmico (EI). O episódio deste domingo foi o primeiro a atingir Ancara desde 2016, quando um ataque deixou 37 mortos.

O atentado de agora acontece ainda quase um ano após uma explosão no centro de Istambul que deixou seis mortos e 81 feridos. O governo turco culpou, à época, o PKK pelo incidente, mas o grupo não assumiu a autoria do ataque.

O PKK luta contra o Estado turco desde 1984, e tem como objetivo estabelecer autonomia para a população curda, que ocupa a maior parte do sudeste da Turquia e domina o nordeste da Síria.

O grupo militante, considerado terrorista por Ancara e seus aliados no Ocidente, reivindicou a autoria do que chamou de um "atentado suicida" por meio de um comunicado publicado em um site alinhado à causa. No texto, creditam a ação ao seu "Batalhão de Imortais" e dizem que o plano era que ela coincidisse com o pronunciamento de Erdogan ao Parlamento.

O líder, que em maio foi reeleito à Presidência pela terceira vez, manteve sua programação original, realizando o discurso apesar da confusão perto do prédio do Legislativo. No púlpito, descreveu o ataque como "a mais recente tentativa" de inflingir terror aos turcos e declarou que "aqueles que ameaçam a paz e a segurança dos cidadãos" jamais atingirão seus objetivos.

A sessão em questão era particularmente significativa —é nela que os parlamentares turcos devem ratificar a entrada da Suécia na Otan, dois meses após a Turquia ter retirado o veto que impedia sua adesão.

Erdogan aproveitou a ocasião para falar da moeda de troca que tinha apresentado à aliança para que enfim admitisse Estocolmo na Otan: a entrada de Ancara na União Europeia. O tom do presidente não foi, porém, de apaziguamento, em uma reação a uma crítica recente da Corte Europeia de Direitos Humanos ao país.

"A Turquia não espera mais nada da UE, que nos faz aguardar diante de sua porta há 40 anos", afirmou o líder —na verdade, as primeiras aspirações turcas para entrar no bloco datam de 1987, e as negociações de fato começaram em 2005, quando ele já era primeiro-ministro. "Nós cumprimos todas as promessas que fizemos à UE, mas eles não cumpriram quase nenhuma das suas", disse, acrescentando que não toleraria "novas exigências ou condições ao processo de adesão".

Com AFP e Reuters

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