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Ativista iraniana vencedora do Nobel da Paz faz greve de fome na prisão

Narges Mohammadi protesta contra condições em que é mantida no local e obrigatoriedade do véu islâmico

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Paris | AFP

A vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi, 51, começou uma greve de fome na prisão, disse nesta segunda-feira (6) a família da ativista iraniana. Ela protesta contra as condições em que é mantida no local, a falta de cuidados médicos para os presos e também contra a obrigatoriedade do véu islâmico para as mulheres no país.

Ativista iraniana dos direitos humanos, Narges Mohammadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz deste ano
Ativista iraniana dos direitos humanos, Narges Mohammadi, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz deste ano - Arquivo pessoal/Reuters

Mohammadi está detida desde 2021 na prisão de Evin, em Teerã, sob a acusação de "espalhar propaganda contra o Estado". Conhecida por seu ativismo contra a pena de morte e a favor dos direitos das mulheres, ela já foi presa e condenada várias vezes. No último dia 6, foi laureada com o Nobel por promover os "direitos humanos e a liberdade para todos", em prêmio que deu visibilidade à sua luta.

"Narges Mohammadi informou sua família que iniciou uma greve de fome há várias horas. Estamos preocupados com seu estado e sua saúde", afirmou a família da iraniana em comunicado. Na última quinta (2), os familiares de Mohammadi já haviam denunciado que as autoridades penitenciárias se recusaram a transferir Narges para o hospital após ela se recusar a cobrir a cabeça com um véu.

O estado de saúde de Mohammadi é frágil, alertam os familiares. Eles dizem que um exame de eletrocardiograma feito na prisão indicou a necessidade de uma internação urgente.

Um exame de imagem mostrou duas veias com grandes obstruções e pressão pulmonar elevada, razão pela qual ela precisaria passar por procedimentos médicos. "Ela está disposta a arriscar sua vida por não usar o 'hijab forçado', inclusive para se tratar", disse a família. "A República Islâmica é responsável por tudo o que possa acontecer com nossa querida Narges", acrescenta o comunicado.

Mohammadi é há 30 anos perseguida pelo regime iraniano por seu ativismo, iniciado quando ela ingressou na universidade, e por artigos escritos em favor dos direitos das mulheres no país. A ativista foi presa 13 vezes pelas forças estatais e condenada cinco vezes a um total de 31 anos de prisão e 154 chicotadas, de acordo com Berit Reiss-Andersen, presidente do comitê da premiação.

O Nobel da Paz foi concedido após uma série de protestos no Irã pela morte de Mahsa Amini, que estava sob custódia policial, em setembro de 2022. A jovem foi detida sob a acusação de violar o rigoroso código de vestimenta para mulheres em vigor no país.

Segundo o comitê norueguês, o lema "Mulher, Vida, Liberdade" adotado pelos manifestantes "expressa adequadamente a dedicação e o trabalho de Narges Mohammadi", seja no que se refere à sua luta contra a opressão das mulheres quanto à sua busca por promover os direitos humanos e a liberdade para todos. A láurea deste ano ainda reconheceu os milhares que se manifestaram contra as "políticas de discriminação e opressão" do regime iraniano.

Em mensagem de agradecimento ao prêmio, lida por sua filha e difundida no site oficial do Nobel, Mohammadi descreve o hijab obrigatório como "a principal fonte de dominação e repressão na sociedade, com o fim de manter e perpetuar um governo religioso autoritário".

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